Após ter operado volátil ao longo da sessão, o dólar à vista fechou em leve alta nesta segunda-feira, 8, em linha com o movimento da moeda americana no exterior. Com isso, a divisa quebrou a sequência de quatro quedas consecutivas registradas na primeira semana de janeiro, quando acumulou perda 2,47%. Profissionais do mercado divergiram sobre o impacto sobre os ativos da decisão do governo de adiar a discussão da chamada regra de ouro.
O dólar à vista fechou em alta de 0,14%, a R$ 3,2383. O giro foi de US$ 1,541 bilhão. Na mínima, chegou a R$ 3,2245 (-0,28%) e, na máxima, R$ 3,2447 (+0,34%).
Segundo José Raymundo Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos, no câmbio doméstico acabou prevalecendo o cenário externo, que exibiu um dólar mais forte frente a várias moedas, incluindo emergentes e ligadas a commodities. “Em um dia de poucas notícias, aqui e lá fora, o dólar tem dificuldades para romper a barreira dos R$ 3,22”, comentou. Segundo Faria Júnior, o fato de o governo ter adiado a discussão da regra de ouro não chegou a influenciar o mercado. “O que houve foi um ajuste externo.”
Já para Ricardo Gomes da Silva, diretor da Correparti, o mercado se estressou mais cedo com preocupações em relação à regra de ouro, e a notícia de que o governo adiou a discussão trouxe alívio. “O mercado não deu bola para essa discussão na quinta e na sexta-feira passadas, mas hoje (segunda) pela manhã acordou para o tema depois que o procurador que denunciou as pedaladas fiscais no governo da ex-presidente Dilma Rousseff falou sobre a regra de ouro”, disse.
Em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, no fim de semana, o procurador do Ministério Público junto ao TCU, Julio Marcelo, afirmou que abrir mão da chamada regra de ouro é quebrar a responsabilidade fiscal e um retrocesso histórico para as finanças públicas do País.
Nesta segunda-feira, o governo recuou da intenção de mexer na norma fiscal que impede que o governo faça empréstimos para pagar gastos de custeio. Em entrevista coletiva nesta tarde, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmou notícia antecipada pelo Broadcast de que o governo adiaria o debate sobre alterações na regra de ouro para depois da votação da reforma da Previdência. Segundo Meirelles, a ideia não é suspender a regra constitucional, mas criar mecanismos de ajustamento em caso de descumprimento da norma.