O dólar fechou em queda nesta segunda-feira, 30, pelo segundo dia consecutivo, no nível de R$ 3,12. Ainda que o ambiente externo tenha contribuído para o movimento, foram fatores domésticos que definiram a intensidade da baixa. O resultado das contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central), por exemplo, veio melhor que as projeções oficiais e alimentou a confiança no ajuste das contas públicas. Para o mercado, o impacto foi de queda mais intensa do dólar, que já vinha sendo conduzida por expectativas de entrada de recursos no Brasil.
Nesta segunda-feira, o dólar à vista desvalorizou-se até R$ 3,1127 (-1,17%), no menor nível intraday desde os R$ 3,1023 registrados na sessão de 25 de outubro de 2016.
Até o fechamento, entretanto, as baixas cotações da moeda norte-americana atraíram demanda de oportunidade e realização de lucros. Com isso, houve alguma desaceleração da queda e a divisa encerrou aos R$ 3,1261 (-0,74%), valor que não era visto desde 26 de outubro (R$ 3,1086). De acordo com dados registrados na clearing da BM&FBovespa, o volume de negócios somou US$ 986,062 milhões.
Já o contrato futuro para fevereiro terminou a sessão aos R$ 3,1265 (-0,57%), com giro total de US$ 13,066 bilhões. Na mínima, o ativo recuou até R$ 3,1140 (-0,97%).
As contas do Governo Central acumularam mais um ano no vermelho e encerraram 2016 com um déficit primário de R$ 154,255 bilhões. Este foi o pior resultado em toda a série histórica, iniciada em 1997. Mas contou com uma folga de R$ 16,2 bilhões em relação à meta, que previa um saldo negativo de até R$ 170,5 bilhões no ano. O valor também foi melhor que a previsão feita pela própria equipe econômica em dezembro, de um rombo de R$ 167,7 bilhões
Mais cedo, houve ainda pressão de investidores “vendidos” em contratos cambiais (tesourarias de bancos e fundos nacionais, que apostam na queda de preços) na disputa técnica antecipada em torno da formação da taxa Ptax final de janeiro, que será definida amanhã.
Também estão no radar possíveis lançamentos de captações externas da Braskem, Cemig, Vale e Gerdau, segundo fontes. A Rumo Logística anunciou na semana passada que pretende realizar uma captação em dólar e que fará a apresentação aos investidores a partir desta segunda-feira. A Embraer, por sua vez, captou US$ 750 milhões na última semana.