Economia

Dólar fecha em queda com fatores técnicos

O dólar fechou a última sessão de março em baixa, conduzido principalmente por fatores técnicos, apesar da agenda carregada de indicadores e eventos importantes. No fim dos negócios nesta terça-feira, 31, o dólar à vista caiu 0,59%, a R$ 3,200. O volume de negócios totalizava US$ 2,737 bilhões por volta das 16h30. No mercado futuro, o dólar para maio, o mais líquido, recuava 1,14%, a R$ 3,2205.

O dólar iniciou a sessão em alta, influenciado pelos dados negativos das contas do governo e pela pressão dos comprados em câmbio (investidores estrangeiros) e em swap cambial (bancos, fundos nacionais e players estrangeiros) na rolagem de contratos futuros. Esses agentes defendiam a alta do dólar, a fim de maximizar o retorno financeiro na liquidação e nos ajustes de suas posições amanhã, com base na taxa ptax de hoje. A demanda por dólar recebeu impulso também da expectativa pela audiência do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no Senado.

O Tesouro informou que o Governo Central registrou em fevereiro o pior resultado para o mês desde 1997, com um déficit de R$ 7,357 bilhões, maior que o piso do intervalo das estimativas. Já o setor público consolidado apresentou déficit primário de R$ 2,3 bilhões em fevereiro, marcando o pior resultado para o mês desde 2013, conforme dados do Banco Central.

Ainda pela manhã, o dólar inverteu o sinal e passou a cair, puxado pela pressão dos “vendidos” em câmbio (bancos e fundos de investimento) e dos agentes interessados em participar dos leilões de linha do BC (venda de dólares com compromisso de recompra), que estavam programados para a tarde. Esses players buscavam reduzir o dólar para que, na determinação da ptax, a taxa também fosse mais baixa. Quando participassem dos leilões de linha, receberiam dólares em cotação menor, com compromisso de recompra, pelo BC, a uma taxa maior.

A disputa antes da formação da ptax acabou no centro das atenções dos agentes, enquanto o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, iniciava sua participação em um audiência no Senado, que se prolongou para depois do fim do pregão no balcão. Para profissionais do mercado, as declarações do Levy foram positivas, mas não trouxeram nenhum fato novo.

O ministro da Fazenda disse durante a audiência que o diálogo com Estados e municípios é muito importante e continua defendendo que o ajuste é necessário para reverter a deterioração fiscal e das contas externas. “A presidente Dilma tem feito um trabalho incansável de explicar razões do governo”, afirmou. “Se não fizermos ajuste, ainda existe risco de perder o grau de investimento. O custo será altíssimo para o governo, para as empresas e para o trabalhador”, declarou, entre outras considerações.

Durante os leilões de linhas, o dólar à vista chegou a oscilar brevemente em território positivo, em meio a especulações dos agentes sobre se o BC conseguiria colocar todo o volume de dólar ofertado. Mas a demanda consistente na oferta, de acordo com operadores, fez com que moeda voltasse a cair.

Nos dois leilões de linha, foram ofertados até US$ 2,5 bilhões, mas a instituição não informa quanto foi emprestado ao mercado. Esse dado só será conhecido na quarta-feira seguinte à liquidação da venda, junto com a divulgação dos números do fluxo cambial. Na primeira oferta, a taxa de corte foi de R$ 3,324480 e a taxa de venda da operação foi de R$ 3,2080000 (ptax de hoje). Na segunda oferta, a taxa de corte ficou em R$ 3,355420 e a taxa de venda foi a mesma ptax.

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