A disputa em torno da ptax de fim de mês trouxe pressão técnica e volatilidade para o dólar nesta segunda-feira, 29, tanto pela manhã quanto à tarde. Se na primeira metade dos negócios a atuação de vendidos em derivativos cambiais e o exterior fizeram a moeda americana chegar a cair mais de 1%, à tarde, após a definição da ptax, as cotações ficaram “mais livres” para oscilar e ganharam força, inclusive com a ajuda de players diretamente envolvidos na briga pela taxa mais cedo. Após marcar máximas no fim da tarde, o dólar à vista voltou a ceder nos minutos finais e terminou em leve baixa de 0,05%, aos R$ 3,9984. Já a moeda para abril – a mais líquida a partir de hoje e que fecha apenas às 18h15 – subia 0,45%, aos R$ 4,00485.
A tendência para o dólar no Brasil era negativa mais cedo, com investidores vendidos em derivativos cambiais (posicionados na queda das cotações) forçando a moeda à vista para baixo, de olho na ptax. Por outro lado, os comprados (posicionados na alta) tentavam impulsionar os preços. Calculada pelo Banco Central com base nas cotações de mercado, a ptax de hoje definirá a liquidação dos derivativos cambiais que vencem amanhã (1º de março). No exterior, o viés para a moeda americana pela manhã era negativo ante várias divisas de emergentes ou exportadores de commodities, embora registrasse ganhos ante algumas delas.
Lá fora, a decisão do Banco do Povo da China (PBoC), de cortar em 0,5 ponto porcentual a taxa de compulsório dos bancos, numa tentativa de garantir a liquidez do sistema e favorecer o crédito, deu força ao longo da manhã ao petróleo e a outros ativos de maior risco, como as moedas de emergentes. Na tomada da ptax das 11 horas, a atuação dos vendidos foi perceptível, assim como a influência da alta do petróleo. Tanto que o dólar à vista marcou a mínima de R$ 3,9513 (-1,23%) às 11h15.
“A primeira coleta da ptax foi bem alta. Depois, as cotações vieram para baixo. No início do dia, na verdade, o mercado não estava tão favorável às moedas emergentes, mas depois a China começou a fazer mais preço”, avaliou João Paulo de Gracia Corrêa, superintendente regional de câmbio da SLW Corretora.
A ptax foi definida pouco depois das 13 horas, encerrando em R$ 3,9796. O valor representa uma alta de 0,55% no dia, considerando a ptax de sexta-feira (3,9578), mas no acumulado do mês de fevereiro a taxa acusou recuo de 1,56% (mais favorável aos vendidos).
Passada a disputa pela ptax, a tendência mudou novamente. Isso porque o dólar ficou mais “livre para oscilar”. “É difícil analisar um dia como o de hoje. O mercado fez movimentos fortes e rápidos nas janelas da ptax”, comentou José Carlos Amado, operador da Spinelli Corretora. “Só que quando o dólar cai, ele acaba atraindo comprador. E quando ultrapassa os R$ 4,00, o mercado também acaba vendendo um pouco. Na verdade, a moeda está bem comportada dentro de um spread.”
No pico, às 16h44, marcou R$ 4,0049 (+0,11%). Depois, em meio a algumas vendas, as cotações ainda arrefeceram um pouco e o dólar à vista terminou em leve baixa de 0,05%, aos R$ 3,9984.