Após dois dias de baixa, o dólar voltou a subir nesta segunda-feira, 29, e recuperou o patamar de R$ 2,70 no Brasil. A moeda americana oscilou em margens mais estreitas pela manhã, mas à tarde renovou máximas ante o real, em sintonia com o exterior e em meio a um giro fraco de negócios. Profissionais também citaram a expectativa antes da definição, pelo Banco Central, dos detalhes para a continuidade dos leilões de swap em 2015, o que deve ocorrer até amanhã. O dólar à vista de balcão fechou em alta de 1,01%, aos R$ 2,7040, no maior patamar deste o último dia 23. No mercado futuro, a moeda para janeiro avançava 1,44% no final da tarde, aos R$ 2,7075.
No início do dia, o dólar chegou a marcar a mínima de R$ 2,6690 (-0,30%) no balcão, dando continuidade aos recuos vistos na última sexta-feira, 26, e na quarta-feira passada, 24. Só que a moeda rapidamente pulou para o território positivo, em um ambiente de poucos negócios tanto no balcão quanto no mercado futuro. Naquele momento, profissionais lembravam que boa parte das remessas de fim de ano de lucros e dividendos para o exterior já havia sido feita. E que a formação da ptax de fim de mês, que ocorre amanhã, já favorecia certa disputa entre comprados e vendidos, além da rolagem de contratos de dólar futuro.
Este cenário fez o dólar subir um pouco, para a faixa de R$ 2,68, até o início da tarde. Mas, passada a formação da ptax de hoje (de R$ 2,6783, em baixa de 0,11%), a moeda americana ficou mais livre para oscilar durante a tarde, como destacou profissional de uma corretora. “O movimento esteve fraco o dia todo e qualquer operação já fazia a moeda subir ou cair mais que o normal”, comentou. “Depois da ptax, o mercado ficou à deriva.”
Isso foi ajudado pela mudança de humor dos investidores também lá fora. O petróleo, que subia em Londres e em Nova York pela manhã, passou a recuar de forma consistente à tarde, após notícias de que a Líbia havia controlado parte do incêndio que atingia seus tanques de petróleo. E o recuo do petróleo, como vem ocorrendo neste fim de ano, teve o efeito de pressão sobre as moedas de vários países emergentes, como o real brasileiro, o rublo russo e a rupia indiana. O dólar também passou a subir ante o euro, favorecendo a corrida pela moeda americana no Brasil.
“É um movimento global. O dólar avança forte ante o rublo, após o dia ter começado tranquilo, sem tanta pressão sobre as moedas”, comentou Cleber Alessie Machado Neto, operador da H. Commcor DTVM. “O volume baixo de negócios no Brasil acaba intensificando isso, juntamente com a incerteza sobre os swaps e os dados ruins da economia brasileira divulgados mais cedo.”
Embora o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, tenha confirmado a continuidade dos leilões diários de swap neste início de 2015, a quantidade a ser oferecida ainda é uma incógnita. O mercado sabe, pelas próprias palavras de Tombini, que serão entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões por dia, mas aguarda a oficialização para hoje ou amanhã.
Pela manhã, o BC informou ainda que o setor público consolidado (Governo Central, Estados, municípios e estatais, com exceção da Petrobras e Eletrobras) apresentou déficit primário de R$ 8,084 bilhões em novembro. Foi o pior resultado para o mês desde 2001, quando teve início a série histórica do BC. Dados como estes também ampliam a expectativa de que, no começo do próximo ano, quando Joaquim Levy já estiver no comando do Ministério da Fazenda, novas medidas na área fiscal sejam anunciadas.
No mercado à vista, o giro registrado até perto das 17 horas era de US$ 1,128 bilhão. No mercado futuro, que fecha apenas às 18 horas, o giro era de US$ 8,875 bilhões.