O dólar teve um dia de trégua nesta sexta-feira, 14, após encostar em R$ 4,20 na quinta-feira e chegar à maior cotação nominal do Plano Real. Depois de uma manhã volátil, a moeda engatou queda na parte da tarde e terminou o dia em R$ 4,1649, baixa de 0,83%. Mesmo assim, o dólar à vista teve a segunda semana consecutiva de alta, acumulando valorização de 1,96% nos últimos cinco dias, e de 2,47% no mês. Nas mesas de câmbio de bancos, gestoras e corretoras, o cenário para as eleições seguiu dominando as atenções e o dia foi de expectativa pela pesquisa eleitoral do Datafolha, que será divulgada às 19h.
Mesmo após a alta de quinta, no começo do dia o dólar encontrou fôlego para subir um pouco mais e chegar a R$ 4,21 na abertura. Mas o movimento perdeu força e o real acabou se descolando de outras moedas de emergentes, que hoje perderam valor ante a moeda dos EUA. À tarde, chegou a cair para a casa dos R$ 4,15.
Apesar da queda, especialistas alertam que a volatilidade vai continuar alta no mercado, que deve oscilar com o noticiário sobre as eleições e novas pesquisas eleitorais. “A temática eleitoral tem predominado de forma contundente no mercado”, afirma o economista-Chefe da DMI Group, Daniel Xavier. O tema eleitoral tem preocupado também lá fora. A gestora inglesa Ashmore Investment ressalta em relatório que há preocupações sobre como vai ficar a campanha de Jair Bolsonaro (PSL) após a facada de que foi vítima. Já o banco de investimento norte-americano Brown Brothers Harriman & Co. (BBH) destaca hoje que Luiz Inácio Lula da Silva tenta transferir votos para Fernando Haddad, que assumiu a cabeça de chapa do PT no lugar do ex-presidente.
Além da pesquisa do Datafolha que sai nesta sexta, o Ibope deve divulgar novo levantamento na próxima terça-feira (18). Operadores ressaltam que o mercado quer ver, principalmente, como será o desempenho de Haddad e se Bolsonaro deve crescer ainda mais e/ou reduzir seus níveis de rejeição. O diretor da corretora Correparti, Jefferson Rugik, acredita que, até que as eleições estejam definidas, o câmbio deve continuar volátil. “Sobe num dia, cai no outro. É assim que a gente vai ver o mercado até o fim das eleições”, disse.
Rugik explica que a queda do dólar nesta sexta tem relação com um movimento de desmonte de posições. “O investidor consegue ficar comprado até um certo nível. Quando chega no teto, desmonta posições”, aponta. Mesmo com a forte pressão compradora nos últimos dias, o Banco Central tem ficado de fora do mercado, fazendo apenas leilões diários de rolagem de contratos de swap.