O dólar chegou a operar nesta segunda-feira, dia 1º, em R$ 3,81, atingindo os menores níveis desde o final de março, por conta do otimismo gerado pela trégua na tensão comercial acertada no final de semana entre os Estados Unidos e a China em reunião às margens da reunião do G-20 no Japão. Mas a queda da moeda americana perdeu força, em meio à cautela dos investidores com a reforma da Previdência, que terá a leitura do voto do relator nesta terça-feira na comissão especial da Câmara e possível votação das medidas no dia seguinte. Com isso, o dólar à vista acabou fechando em leve alta de 0,10%, cotado em R$ 3,8441.
Pela manhã, o dólar caiu forte no mercado internacional, ante divisas fortes e de emergentes, por conta dos reflexos da reunião entre o presidente Donald Trump e o líder chinês Xi Jinping. Mas a moeda americana passou a subir perante divisas como o euro e a libra, após a divulgação de indicadores econômicos mostrando fraqueza da atividade econômica dos EUA e ainda a leitura de que um acordo comercial final entre EUA e China vai levar tempo. “A retomada do diálogo entre os dois países é uma boa notícia, mas devemos permanecer cautelosos com a expectativa de se alcançar um acordo final”, alertam os estrategistas do banco francês Société Générale.
O diretor de tesouraria de um banco brasileiro destaca que parte da expectativa da trégua acertada entre EUA e China já havia sido incorporada nos preços do dólar aqui e no exterior na semana passada. Por isso nesta segunda o impacto foi menor e os investidores aproveitaram para realizar lucros na parte da tarde, com o foco se voltando para a reforma da Previdência. Com isso, investidores aproveitaram a moeda americana a R$ 3,81 e foram às compras, disse ele.
Na Previdência, uma das dúvidas que persistem é se Estados e municípios serão incluídos. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem reunião nesta terça-feira com governadores do Nordeste para discutir o assunto e falou hoje que a votação deve ocorrer entre quarta e quinta-feira. A S&P Global Ratings avalia que a situação financeira dos governos subnacionais está muito deteriorada e precisa de uma solução.
Na avaliação do diretor de ratings soberanos para as Américas da S&P, Joydeep Mukherji, o avanço da Previdência é necessário para as coisas começarem a se mover no Brasil. “Mas a reforma não é suficiente”, disse em conferência nesta terça, destacando que o governo precisa avançar em outras frentes para acelerar a economia, que incluem privatizações, reforma tributária e melhora do ambiente de negócios.