O Grupo DPSP, dono das marcas Pacheco e Drogaria São Paulo, quer aumentar sua fatia de mercado e fortalecer sua presença no setor, marcado hoje por forte concorrência. Há alguns anos no centro de rumores sobre uma possível venda, a resposta da empresa – a segunda maior rede de farmácias do País – virá com a abertura de 80 novas lojas e investimentos da ordem R$ 350 milhões neste ano.
Formado atualmente por 1,4 mil pontos de atendimento, o grupo nasceu há dez anos a partir da fusão das duas redes. Um novo movimento como este está descartado. Segundo o presidente da companhia, Jonas Laurindvicius, o foco seguirá no crescimento orgânico. "Também não temos nenhuma intenção de fazer um IPO (oferta inicial de ações na Bolsa de Valores). Temos uma geração de caixa suficiente para nossos planos de expansão", afirma o executivo, que está no comando da empresa há dois meses, depois de passar cinco anos no cargo de diretor de supply e logística. Ele afirma que o montante previsto para ser investido neste ano contemplará, além das inaugurações, a reforma de lojas já existentes, dos centros de distribuição e para tecnologia.
A decisão de manter o capital fechado está na contramão de outras empresas do setor, que demonstraram intenção de captar recursos na Bolsa para reforçar o caixa e ter musculatura para crescer, em um mercado com tendência de consolidação. E o contexto em que Laurindvicius assume o leme da rede é, até aqui, de crescimento mais acelerado dos concorrentes.
Enquanto a DPSP possui um faturamento anual da ordem de R$ 11 bilhões, com crescimento de 10% em relação a 2019, a líder do setor, a Raia Drogasil (RD), registrou receita total de R$ 21 bilhões ano passado, expansão de 15% ante o registrado em 2019. A RD tem 2,3 mil lojas e um plano mais robusto de crescimento anual, com a previsão de abertura de 240 lojas entre 2021 e 2022. Seu valor na Bolsa é de R$ 40 bilhões.
De acordo com o ranking elaborado pela Abrafarma, entidade que representa o setor, o terceiro lugar é da Pague Menos, que abriu seu capital ano passado. Com o reforço no caixa, adquiriu neste ano a rede Extrafarma, que estava na sétima colocação no ranking. A operação, que vai mudar o tabuleiro do setor, ainda precisa ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Especialista em varejo e sócio-fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino destaca que a DPSP está bem posicionada no mercado, especialmente nos de sua origem: São Paulo e Rio de Janeiro. "O mercado de farmácia teve um surto de concentração e expansão das grandes redes nos últimos anos, e a DPSP também cresceu muito", comenta Serrentino. Ele frisa, contudo, que a empresa é frequentemente confrontada com os números da RD, que tem um plano de expansão e de crescimento mais agressivos.
<b>Expansão</b>
Focado na abertura de lojas de rua, hoje o Grupo DPSP está presente em oito Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Bahia, além do Distrito Federal. Segundo Laurindvicius, está nos planos desbravar outros territórios, mas isso depois que a companhia alcançar suas metas de participação de mercado em cada região em que já está presente. Esse número, a empresa não abre por ser estratégico, segundo o presidente da DPSP.
No mercado a possibilidade de venda da DPSP já circulou em mais de um momento, mas haveria uma barreira de ordem societária. O grupo DPSP pertence à família Carvalho, antigos donos da Drogaria São Paulo, que possui 38% das ações, e à família Barata, dos ex-donos da Pacheco, com 54%. O restante está na mão de fundos minoritários.
A família Barata, contudo, sempre demonstrou resistência em se desfazer do negócio. De acordo com informações de executivos de mercado, a companhia recebeu nos últimos anos mais de uma proposta de compra de 100% da operação, como a do grupo Femsa e da gigante americana CVS – que já foi dona da Onofre, adquirida há dois anos pela Raia Drogasil. Sobre esse assunto, a empresa não comenta.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>