O proprietário de um terreno ocupado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), com apoio de moradores de condomínios fechados da Granja Viana, em Carapicuíba, na Grande São Paulo, tentou bloquear as ruas de acesso à área invadida, com a construção de um muro, na sexta-feira. A ação, na manhã desta segunda-feira, 29, terminou com a derrubada do muro, em meio ao clima de tensão entre moradores e sem-teto.
A prefeitura de Carapicuíba não informou a identidade do proprietário. “Não foi emitida autorização por parte da prefeitura para a construção de muro no local, nem no terreno particular nem na via pública. Funcionários da prefeitura, técnicos e fiscais devem permanecer na área para atuar na prevenção de conflitos”, informou, em nota, a administração da cidade.
De acordo com a prefeitura, a reintegração de posse do terreno será executada pela Polícia Militar. A nota, no entanto, não informou quando será a ação.
A ocupação foi realizada na sexta-feira e batizada de Carlos Marighella. São 800 barracos de lona, segundo informações do movimento. O terreno é vizinho de condomínios de luxo e de favelas.
Segundo o MTST, na manhã de ontem, operários chegaram em um caminhão com tijolos e começaram a erguer muros ao redor do terreno ocupado. Um dos muros foi construído na Rua Ouro Preto, que é pública e faz ligação entre os bairros carentes e as principais rodovias que cruzam a região. Os militantes disseram que a Guarda Civil Municipal de Carapicuíba acompanhou toda a ação, sem tomar nenhuma providência para impedir a conclusão da obra. “Um policial (guarda-civil) disse que meu rosto ficaria marcado”, disse a militante Agnes Caroline, enquanto se queixou da postura dos agentes públicos.
Depois do término da obra, quando operários e servidores foram embora, o muro foi derrubado. O MTST negou que militantes tenham derrubado a construção. Segundo o movimento, moradores de comunidades próximas, que também teriam o acesso a suas casas restrito por causa do bloqueio, derrubaram o muro.
Dívidas
O MTST informou que o terreno, de 93 mil metros quadrados, foi escolhido para a ocupação por estar ocioso e por ter dívidas de R$ 400 milhões com os cofres municipais. Essa é a única invasão do movimento na cidade. As cerca de mil pessoas que estão ali viviam em áreas de risco ou eram “vítimas da especulação imobiliária”, segundo o MTST, e não teriam condições de pagar o aluguel dos imóveis onde moravam. A prefeitura foi questionada, mas não se manifestou sobre a existência ou não de débitos por parte do proprietário do imóvel.
Os sem-teto esperam poder negociar com o poder público a posse do terreno, para a construção de moradias populares. A prefeitura, porém, informou que “a ação de reintegração de posse é de responsabilidade dos proprietários no Poder Judiciário, que será executada pela Polícia Militar”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.