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Doria demite secretário do Verde, o quarto a cair em 8 meses

Atritos envolvendo projetos e fiscalizações ambientais na cidade e uma negociação política feita pelo prefeito João Doria (PSDB) para acomodar o PR na Prefeitura de São Paulo derrubaram o secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Gilberto Natalini (PV), que deve deixar o cargo na próxima terça-feira, 22, e reassumir o mandato de vereador na Câmara Municipal.

Procurado, Doria afirmou que “tem profundo respeito, admiração e amizade pessoal com Natalini”. Natalini não quis comentar.

O jornal “O Estado de S. Paulo” apurou que um dos atritos envolve a denúncia feita por Natalini de uma suposta quadrilha que fraudava licenciamentos ambientais de novos empreendimentos na cidade. Outro ponto é decorrente da criação do corredor verde na Avenida 23 de Maio. O plantio de mudas nas paredes da avenida foi feito usando regras de um Termo de Compensação Ambiental (TCA) criado na gestão passada, de Fernando Haddad (PT), para criar muros verdes ao redor do Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão. A medida havia sido combatida por Natalini, então vereador, que chegou a ingressar ações judiciais contra essas paredes.

Natalini seguia entendimento de ambientalistas e engenheiros que afirmam que essas ações não fazem a mesma captura de carbono que árvores fazem e, assim, não poderiam ser consideradas compensações ambientais. Mas teve que se submeter ao modelo a pedido de Doria — o que fez a contragosto. O desgaste aumentou na semana passada, quando o prefeito informou o secretário que o corredor verde da 23 não seria o único da cidade.

Natalini é o quarto secretário de Doria a sair em pouco mais de oito meses de gestão. Todos são vereadores da capital. Em abril, o prefeito demitiu Soninha Francine (PPS) da Secretaria de Assistência Social alegando perfil incompatível com a função. Em maio, Patrícia Bezerra (PSDB) pediu demissão da pasta de Direitos Humanos por discordar da ação da Prefeitura na Cracolândia. Em julho foi a vez do vereador Eliseu Gabriel (PSB) deixar a Secretaria do Trabalho alegando questões partidárias.

Política

No campo político, a gestão Doria vem buscando abrir espaços tanto para o PSB, partido aliado sem presença no primeiro escalão desde a saída de Eliseu Gabriel, e para a o PR, partido que tem quatro vereadores na Câmara.

Doria almoçou com o presidente nacional da sigla, Antonio Carlos Rodrigues, no dia 1º de agosto, em seu gabinete. O encontro, que não constou na agenda oficial do prefeito, também contou com a participação do presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), e do secretário de governo, Julio Semeghini.

A reunião selou a adesão do PR à gestão Doria, que teria prometido um remanejamento no secretariado para abrigar o partido. Neste sábado, 19, um almoço com os vereadores da base, deverá definir qual secretaria será dada ao partido — além do Verde, estão sendo cogitados Esporte, Assistência Social e Trabalho e Empreendedorismo.

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