Durante entrevista a uma emissora de TV por assinatura em Guarulhos, na noite desta quarta-feira, o ex-prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), que renunciou ao cargo 15 meses após assumir, demonstrou não conhecer nem um pouco a realidade do Saae (Serivço Autônomo de Água e Esgoto). Com um discurso pronto e sem se atentar para a situação atual, afirmou que irá acabar com a autarquia se for eleito governador de São Paulo.
Desrespeito ao funcionalismo
Dória disse que o SAAE só existe como cabide de emprego para favorecer políticos, ignorando completamente seus 50 anos de história. Fora que entre os mais de mil funcionários da autarquia, prevalecem profissionais que se dedicam de corpo e alma para prestar um bom serviço à população. O pré-candidato do PSDB, provavelmente não tão bem brifado, estava se referindo a um tempo em que a autarquia pode ter sido utilizada politicamente e só dava prejuízos ao município, algo bem diferente do que acontece sob a gestão do atual superintendente Francisco Carone.
Sabesp privatizada
Ainda demonstrando desconhecer a atual situação do Saae, citou que a dívida da autarquia com a Sabesp é muito mais alta que os quase R$ 3 bilhões encontrados pelo atual governo Guti (PSB) ao assumir o cargo em 2017. Alertado que houve a negociação da dívida no ano passado, quando caiu para R$ 2,1 bilhões, ele defendeu a Sabesp, que – garantiu – será privatizada em sua possível gestão. Ele afirmou que precisa ver se os acionistas da ainda estatal têm interesse nessa negociação, ignorando todas as tratativas feitas até agora.
Disputa natural
Em suas entrevistas, Dória poupou o prefeito Guti (PSB), com quem garantiu manter ótima relação. Ele citou ser natural que – em um período eleitoral – estejam neste momento em lados opostos, já que o prefeito de Guarulhos é um dos principais aliados do atual governador Márcio França, que será candidato à reeleição e já desponta como o principal adversário do ex-prefeito paulistano. Durante suas falas, deixando de lado o fato de França ser um antigo aliado do presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, tentou ligar a imagem dele a partidos de esquerda, numa referência às origens do PSB. Por mais que Dória tenha uma ótima retórica, as posturas de França ao longo de sua trajetória política colocam por terra essa tese, revelando – além de exagero nas afirmações – a identificação da parte de sua pré-campanha que o pessebista deve mesmo ser seu principal adversário nas eleições.
Presentes
Nos bastidores das emissoras de TV, não faltaram políticos e asessores, além de oportunistas de sempre, que não pouparam esforços para aparecer perto de Dória. Alguns vereadores do PSDB, como Lauri Rocha e Geraldo Celestino, acompanharam o pré-candidato do partido nas visitas, que teve também o deputado estadual Ramalho da Construção a seu lado. Do mundo político, chamou a atenção a presença de Francislene Assis de Almeida, a mulher do deputado federal do DEM, Eli Correa, numa demonstração de que o marido tentará grudar sua imagem em busca de mais uma reeleição para a Câmara Federal ao tucano.
Xadrez político
Em um momento crítico para o país, com um ex-presidente – Lula (PT) – preso por corrupção, e o último candidato da oposição, Aécio Neves (PSDB), réu no Supremo Tribunal Federal, acusado pelo mesmo crime, é momento da classe política repensar o Fla-Flu que se tornou o cenário brasileiro. A repercussão direta de tudo que ocorre em nível federal reflete diretamente no quadro político guarulhense, às vésperas de importantes e fundamentais eleições, que escolherão novos governadores e presidente, além de deputados e senadores.
Façam suas apostas
Possíveis candidatos a deputado, tanto a estadual como federal, precisam fazer uma análise muito criteriosa neste instante para saber se vale a pena realmente entrar na disputa. A incerteza em torno de quem realmente tem chances para os cargos majoritários como presidente e governador gera um efeito cascata por todo o meio político. Óbvio que fazer apostas é parte do jogo. Porém, arriscar-se numa bandeira errada agora deve trazer consequências na disputa local de 2020.