O ator, escritor e jornalista que desafiou os defeitos de Nelson Rodrigues (1912-1980) completaria nesta terça, 29, oitenta anos de idade. Antes do teatro, Plínio fez sua vida como funileiro, serviu na Aeronáutica e chegou a jogar na Portuguesa Santista.
Sua estreia no teatro se deu por influência da jornalista Pagu, quando começou a se envolver com teatro amador, em 1958. Nesse mesmo ano, o caso do jovem currado na cadeia serviu de inspiração para seu primeiro texto, Barrela.
“Plínio foi o dramaturgo mais censurado do Brasil. E isso porque dava voz para as pessoas que não tinham voz. Ele colocou essa gente como protagonista e de uma forma magistral.”, conta o ator Silvio Guindane em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, na estreia do projeto Plínio Marcos 80 anos que homenageia até outubro o autor no Teatro do Sesi. “A melhor maneira de relembrar e reafirmar essa importância foi reunir os amigos e artistas dele, e colocar Plínio no palco.”
A partir de 1960, trabalhou como camelô em São Paulo, e como técnico no Arena, o grupo de Cacilda Becker e no teatro de Nydia Lícia. Mais tarde produziu textos para a TV de Vanguarda, programa da TV Tupi, onde também atuou como técnico. No ano do golpe militar, fez o roteiro do espetáculo Nossa gente, nossa música. Em 1965, conseguiu encenar Reportagem de um tempo mau.
Em 1968, participou como ator da telenovela Beto Rockfeller, vivendo o cômico motorista Vitório. O personagem seria repetido no cinema e também na telenovela de 1973, A volta de Beto Rockfeller, com menor sucesso. Ainda nos anos 1970, Plínio Marcos voltaria a investir no teatro, chegado ele mesmo a vender os ingressos na entrada das casas de espetáculo. Ao fim da peça, como a de Jesus-Homem, ele subia ao palco e conversava pessoalmente com a plateia.
Na década de 1980, Plínio Marcos escreveu nos jornais Última Hora, Diário da Noite, Guaru News, Folha de S.Paulo, Folha da Tarde, Diário do Povo, e também na revista Veja, além de colaborar com diversas publicações, como Opinião, O Pasquim, Versus, Placar e outras.
Depois do fim da censura, o dramaturgo continuou a escrever romances e peças de teatro, tanto adulto como infantil. Tornou-se palestrante, chegando a fazer 150 palestras-shows por ano.
Plínio faleceu em 1999, aos 64 anos. Seu corpo foi cremado no Crematório da Vila Alpina e as cinzas jogadas no mar de Santos. Em 2008, a Escola de Samba X-9 de Santos, apresentou o enredo Plínio Marcos – Nas quebradas do Mundaréu em homenagem ao artista que foi grande incentivador do samba em Santos e São Paulo. Com esse desfile, sagrou-se campeã do carnaval santista. A família do artista participou do desfile.
Em 2009, o jornalista, diretor e amigo de Plínio Oswaldo Mendes lançou a biografia Bendito Maldito – Uma Biografia de Plínio Marcos que dividida em três atos, cobre o períodos da vida do palhaço, camelô, ator, dramaturgo, diretor, polemista e cronista.
Nesta quarta, 30, o filho mais velho Leo Lama subirá ao palco do Teatro do Sesi com o show Prisioneiro de Uma Canção. Nele. O músico e dramaturgo reuniu os principais textos do pai, entre eles Balada de Um Palhaço, Uma Reportagem Maldita – Querô e Mancha Roxa. “Quando eu tinhas meus 16 anos, meu pai me levava para todo canto. Ele sempre me dava os textos dele e pedia para que eu musicasse alguns trechos. E o que vamos apresentar é o resultado disso”, explica. “Além disso, também trago algumas poesias dele e criações minhas.” As homenagens vão até o dia 11/10.