Duílio Monteiro Alves não estava no CT do Parque Ecológico na semana passada quando ocorreu a invasão de alguns torcedores, revoltados com a queda nas quartas do Paulistão. Ainda se recuperando de problemas de saúde que o afastaram do Corinthians por alguns dias, o presidente quebrou o silêncio nesta terça-feira e lamentou bastante os atos de vandalismo. Revelou que havia uma conversa agendada com alguns integrantes de organizadas, que acabou não sendo respeitada. Os protestos acabaram derrubando o diretor de futebol Roberto de Andrade, para sua tristeza. Ele não conseguiu demover o amigo da decisão de deixar o clube. Evitando terra arrasada, Duílio vê o time no caminho certo, "próximo de ser protagonista" e pediu para que a política não atrapalhe na organização do futebol.
"Em relação à invasão, fiquei muito chateado, decepcionado, sempre tive nos mais de 10 anos aqui, respeito à torcida. Sempre atendi os torcedores de forma educada, com nível bom em todas as ocasiões", afirmou Duílio. "Estava cuidando da saúde, três dias só. Saí porque conversei com alguns líderes da torcida e combinamos uma reunião no início desta semana, segunda ou terça. Els optaram por invadir e a gente repudia, somos totalmente contra, é um ambiente de trabalho, propriedade particular e foi algo desnecessário. Agora a questão está entregue na delegacia", disse.
Duílio desde o ano passado vem sofrendo com alto nível estresse e a alimentação acaba ocasionando inflamação no intestino. Ele passou um período internado no ano passado e acabou se afastando após a queda no Paulistão. "mas estou sempre com o futebol", garantiu. Na coletiva desta terça-feira, a todo momento tossia e revelou enorme tristeza com a decisão de Roberto de Andrade deixar o clube. Essa foi uma das reivindicações dos torcedores que invadiram o CT.
"Roberto é um cara da minha confiança, o diretor que escolhi e por mim não saía até o fim do meu mandato", lamentou. "Infelizmente pela pressão, Roberto acha melhor se retirar para o bem do clube. A gente até tentou demovê-lo para terminar junto, mas por questões pessoais, de família, preferiu sair. Juro que não entendo (essas cobranças sobre o diretor). Todo trabalho no futebol nesses dois anos ele teve grande participação, méritos nisso. Tenho de ser sincero e dividir mérito com ele e com o Alessandro (gerente de futebol) pela melhora do clube e no futebol. Quando entramos a discussão era sobre se cairia ou não e hoje é se briga por título. Antes não tinha time e agora briga por conquistas."
"Só tenho a agradecer por tudo o que o Roberto fez. É uma pena, mas tem muito de política, infelizmente. É triste constatar que se ganhássemos um campeonato com ele, mesmo assim no dia seguinte seriam as mesmas cobranças." O presidente reclamou muito sobre as críticas sobre planejamento, sobretudo por causa da queda nas quartas do Paulistão nos pênaltis diante do Ituano, para ele apenas um "dia ruim" da equipe no qual a bola não quis entrar.
"Não está tudo perfeito quando a bola entra nem tudo errado quando a bola sai. Nossa prioridade é se organizar. Não podemos jogar tudo fora por cobranças. Sei que o torcedor apoia, mas muitos me colocam como único presidente que não ganhou um título. Não tem problema, prefiro ser lembrado como um cara responsável, como quem colocou o clube com contas controladas e salário em dia desde início da gestão. Se for possível, vamos contratar", disse, fazendo avaliação positiva do clube. .
"O Corinthians está muito próximo de ser protagonista. Pelo início do Paulista, muitos se empolgaram. Qualquer novo time, como nova forma de jogar, vai oscilar. Fomos eliminados com empate e oscilamos nesse jogo. Dá para melhorar em tudo, mas estou satisfeito com o passo que a gente deu", enfatizou. "Acho que são muito rígidos e críticos com o time do Corinthians. No papel, não acho que perca para mais de dois ou três do Brasil. Se encaixar, mudam de opinião de um dia para o outro e passam a falar que pode ser melhor do Brasil."
Sobre a política, Duílio disse que não pensa em reeleição caso seja permitido que participe da eleição do fim do ano e pediu que os candidatos evitem atrapalhar no rendimento do time em ano com competições importantes. De quebra ainda afirmou que acumulará as funções de presidente e diretor de futebol.
"Tento blindar ao máximo o futebol. Mas só tende a piorar. No dia seguinte que ganhei (a eleição) já tinha gente fazendo campanha. É um direito de quem quer se candidatar, mas tem de fazer o melhor para não prejudicar o Corinthians."
Sobre reforços, garantiu que o clube tem somente duas carências: um meia com características semelhantes às de Renato Augusto, para ele bastante raro de se encontrar no mercado, e um centroavante para a reserva de Yuri Alberto, a quem teceu muitos elogios. "Depois de muitos anos voltamos a ter um grande centroavante. E tenho de elogiá-lo pela convocação, ainda tem idade olímpica."
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