O técnico Dunga pediu neste sábado apoio e compreensão da torcida na volta da seleção brasileira ao País, quase um ano depois do fracasso na Copa do Mundo. A equipe enfrenta o México neste domingo, no estádio Allianz Parque, em São Paulo, que receberá bom público – até o final da tarde deste sábado, 34.600 ingressos haviam sido vendidos – e o treinador reconhece que esse primeiro contato deixa os jogadores ansiosos e um pouco nervosos. Mas garante que a disposição de “dar uma resposta positiva” é grande.
“A venda dos ingressos já demonstra o carinho que o torcedor brasileiro tem pela seleção. Nesse começo (de trabalho) necessitamos de apoio e incentivo do torcedor, mas temos de fazer a nossa parte”, disse Dunga no início da noite deste sábado, em entrevista no local da partida. “Mas ele tem de entender que, depois da Copa, há um pouco de ansiedade, nervosismo, é normal”.
Sem poder contar com Neymar, que ajudou o Barcelona a conquistar a Liga dos Campeões da Europa, Dunga optou por uma equipe mais conservadora no amistoso contra os mexicanos. Vai escalar três volantes – Fred, Fernandinho e Elias – e dois meias – Phillipe Coutinho e Willian, que poderá atuar um pouco mais avançado do que normalmente faz -, com apenas Diego Tardelli na frente.
O treinador vê na ausência de Neymar uma oportunidade para testar novos opções e novos jogadores. “Apareceu a situação e os jogadores estão muito focados em aproveitar a oportunidade. É uma disputa positiva (por posições) e quanto mais jogadores prontos a gente tiver, melhor”.
Ao retomar o tema de reencontro com a torcida, Dunga reconheceu que o brasileiro quer uma resposta após o fracasso na Copa. “E temos de dar essa resposta, de demonstrar uma vontade além do normal”. Mas ele reconheceu, assim como havia feito o zagueiro Thiago Silva na sexta-feira, que mesmo que a seleção venha a conquistar a Copa América, o vexame da Copa do Mundo não vai ser apagado. “É uma marca que vai demorar a sair, nem sei se vai sair. É mais ou menos como 1950. Depois, o Brasil ganhou um monte de vezes do Uruguai, mas sempre lembram de 50. Com a Alemanha não vai ser diferente”.
Sobre o escândalo de corrupção que atinge o futebol mundial e respinga fortemente na CBF, Dunga disse que todos estão vendo o que está acontecendo. “Não só no futebol, na política. Conversamos com os jogadores sobre o nosso propósito, deixamos eles muito livres para tomar posição”, disse o treinador, contra todas as evidências que mostram que os atletas foram instruídos a não tocar no assunto.
Dunga, no entanto, disse o que entende ser importante para os jogadores. “Observamos, com os atletas, um detalhe: o de não prejulgar ninguém sem ter nada definido. Não gostamos quando somos prejulgados e não podemos fazer isso com as outras pessoas. Temos que focar onde podemos ajudar e podemos ajudar dentro do campo”.