O presidente da República, Jair Bolsonaro, lamentou nesta quinta-feira que a reunião de cúpula dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ocorra de forma virtual por causa da pandemia de coronavírus. Em sua fala inicial, ele salientou a aproximação com a Índia, ressaltou a importância dos insumos chineses para a vacinação doméstica e, ao comentar sobre a Rússia, disse que o Brasil tem interesse em ampliar sua pauta de exportações.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, acompanhou a participação ao lado de Bolsonaro, no Palácio do Planalto, mas não se pronunciou durante a parte aberta à imprensa do evento.
O presidente brasileiro lembrou sua visita à Índia, atual país anfitrião do Brics, e disse que a viagem ainda repercute positivamente sobre os negócios e aproximação dos dois países. "A parceria com Índia permanece até hoje. Nossa cooperação tem avançado na área de ciência, energia, e combate à pandemia de covid. O comércio bilateral tem crescido", citou.
Ao se dirigir ao presidente da China, Xi Jinping, Bolsonaro lamentou ter se reunido com o líder asiático apenas uma vez. O chefe do Executivo também comentou que "parcela expressiva" das vacinas brasileiras é originária de insumos da China e mencionou vários campos de atuação conjunta entre os países.
No caso da Rússia, o presidente brasileiro também enalteceu as relações de "grande envergadura" com o país. "Temos interesse de diversificar nossa pauta exportadora", afirmou.
Bolsonaro não fez qualquer menção à relações com a África do Sul, apesar de o presidente Cyril Ramaphosa estar presente ao encontro. "Estou certo de que, como em 2020, as limitações do encontro virtual não impedirão um diálogo rico", afirmou.
Na reunião de novembro do ano passado, os participantes falaram por mais tempo publicamente. Na época, Bolsonaro anunciou que revelaria "nos próximos dias" a lista dos países que compram madeira ilegal da Amazônia e afirmou que o País sofre com "injustificáveis ataques" em relação à Região Amazônica, justamente de algumas nações que criticam a importação de madeira brasileira ilegal da Amazônia. Exatamente nesse momento, houve uma interrupção da fala do presidente. "Com toda a certeza foi só uma coincidência. Quando falei da madeira da Amazônia o sinal cai… claro que foi só uma coincidência", ironizou. Minutos depois o sinal foi retomado, e Bolsonaro continuou seu discurso.
Naquela ocasião, o presidente brasileiro tinha se recuperado de covid-19, contraída em julho, e sua aparência foi elogiada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin. "Você, que lidou diretamente com a doença, parece estar em boa saúde. É um modelo para todos nós."