Em uma votação considerada relâmpago, nesta quarta-feira, os nobres parlamentares – deputados federais e senadores, cada qual
Todos receberão, a partir de 1º de fevereiro, a singela quantia de R$ 26,7 mil. E não é só isso. Eles ainda têm direito a uma série de auxílio, como bolsa moradia, planos de saúde, auxílio viagem, verbas de representação, entre outras ajudinhas extras. Em tempo, o salário mínimo, ainda não fechado, deve ficar no máximo em R$ 540,00.
O novo valor é o mesmo dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que serve como teto do funcionalismo público. Hoje, deputados e senadores ganham R$ 16,5 mil, o presidente da República, R$ 11,4 mil, o vice e os ministros, R$ 10,7 mil. Mas que ninguém pense que eles agem em causa própria. O último aumento nesses salários havia sido em 2007. Desde então, a inflação acumulada foi de 19,9%, ou seja, “só um pouco” abaixo do índice concedido agora em nome da equiparação salarial entre os diferentes poderes.
Vale salientar que a decisão causará um efeito cascata em Assembleias e Câmaras Municipais que, somado ao gasto extra no Congresso, alcançará pelo menos R$ 1,8 bilhão ao ano aos cofres públicos. Como frisado ontem neste mesmo espaço, o Brasil vive tempos de cortes de investimentos para dar conta do orçamento. O efeito cascata no Legislativo se dá porque o salário dos 1.059 deputados estaduais e 52 mil vereadores está vinculado, pela Constituição, ao dos congressistas.
Para quem espera algumas leis que tramitam há anos nas casas legislativas e que poderiam melhorar a vida das pessoas, na votação de quarta-feira uma grande demonstração de que, quando se quer, tudo anda rápido no Congresso. No final da manhã, enquanto a reunião da Mesa sobre o assunto ainda estava em andamento, o texto foi apresentado na Câmara, teve aprovada sua tramitação em regime de urgência e, em dois minutos, os deputados aprovaram o mérito. Depois, em menos de cinco minutos, o mesmo aconteceu no Senado.
Também soou bastante lamentável a postura de diversos congressistas que apareceram, em diferentes telejornais com as caras de pau que lhes é peculiar, defendendo o reajuste, como algo justo. Até o “ilibado” senador Eduardo Suplicy saiu em defesa do aumentozinho.
Mas, talvez, a declaração que mais chamou a atenção foi a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando comentou o assunto. “Estou lamentando porque o Congresso acabou de aprovar o aumento para o presidente e para os ministros, mas, para o Lulinha aqui, nada. O Lulinha não recebe porque é só para a próxima legislatura”, disse. Ele pode. Afinal, sai da Presidência com 80% de aprovação. Ou seja, um fiel retratro do Brasil, país em que o trabalhador mingua com seu reajuste pelos índices da inflação e os políticos ainda gozam da cara desta gente.