E-mails apreendidos por autoridades federais nos computadores da diretoria da empresa Tejofran indicam que o secretário estadual de Habitação, Marcos Rodrigues Penido, intermediou doações feitas pela multinacional a campanhas do PSDB em 2012. A Tejofran está na lista de empresas investigadas por formação de cartel no setor metroferroviário na capital.
A troca de mensagens entre diretores da multinacional foi revelada ontem em reportagem do jornal Folha de S.Paulo. Henrique Giolito Porto, gerente da Tejofran, enviou um e-mail ao seu irmão Telmo Giolito Porto, que é diretor da empresa. Eles citaram o nome de Penido enquanto discutiam sobre o depósito de suas contribuições de R$ 25 mil para as contas do PSDB.
As doações mencionadas nas conversas foram feitas durante a campanha para prefeitos e vereadores em 2012 – ano em que o ex-governador José Serra disputou a Prefeitura de São Paulo pelo PSDB. Na época, Penido ocupava cargo técnico na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), órgão vinculado à secretaria que ele mesmo assumiu em abril deste ano. Apesar de ser considerado um técnico do setor, Marcos Rodrigues Penido tem ligações com diversos setores do PSDB paulista.
Tucanos afirmam que Penido, servidor de carreira da CDHU, tem bom trânsito na família de Mário Covas e desfrutava da confiança de seu antecessor na secretaria, Silvio Torres (PSDB). Mais tarde, Torres nomeou Penido como adjunto e também como diretor da CDHU no período mencionado nos e-mails interceptados. Penido não é filiado ao PSDB.
A Tejofran era contratada pela CDHU em 2012 e compunha um consórcio que recebeu aditivos de R$ 3 milhões da estatal. A legislação proíbe que diretores de empresas públicas arrecadem pelo partido, função que compete apenas ao tesoureiro da legenda.
Autor do e-mail que cita a intermediação de Penido das doações para o PSDB, Henrique Giolito Porto escreveu para o seu irmão no dia 2 de agosto de 2012. A mensagem contém o nome de outro executivo que teve negócios com a CDHU. Trata-se do engenheiro João Razaboni, por meio de quem Henrique diz ter recebido os dados bancários do partido fornecidos por Penido para que os depósitos fossem feitos na conta da legenda.
Sigilo
Hoje, o governador Geraldo Alckmin evitou comentar sobre o envolvimento de um membro do primeiro escalão do seu governo na intermediação de doações da Tejofran às campanhas tucanas de 2012
“Não seria apropriado comentar um vazamento seletivo, oportunista, de uma investigação que está sob sigilo”, disse o governador durante visita a uma feira de calçados realizada no Anhembi, zona norte da capital paulista.
“O Estado de S. Paulo investiga doa a quem doer. Isso nós fazemos permanentemente”, afirmou o governador depois de ser questionado se demitiria o secretário. Auxiliares do Palácio dos Bandeirantes afirmam que Penido vai continuar no cargo.
Quem fundou a Tejofran foi Antonio Dias Felipe, amigo do ex-governador Mário Covas e que morreu em 2011. Felipe foi também padrinho de casamento do filho ex-governador, Mário Covas Neto, o Zuzinha. Ele emprestou um escritório a Covas e chegou a alugar uma casa para Mário Covas, o governador, por valor simbólico. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.