Economia

É tanta conta, mas não tem o que cortar’, diz trabalhador de 24 anos

Uma carta de um serviço de proteção ao crédito recebida no fim de maio mostrou ao vendedor de loja Matheus Duarte dos Santos, de 24 anos, o que ele chamou de dura realidade. “Percebi que o salário que eu recebo não está sendo suficiente para pagar as contas e que eu estou me tornando inadimplente.”

A carta informava que ele estava sendo protestado por ter deixado de pagar em dia o carnê de uma loja de departamentos. “Fiz a compra no início de fevereiro e tinha de pagar a segunda parcela em abril, mas não sobrou dinheiro. Em maio, chegou a carta do Serasa. Fiquei meio em choque.”

Santos tem salário líquido de R$ 1,8 mil por mês e faz parte do grupo de brasileiros que mais enfrenta dificuldade para manter as contas em dia: os que recebem até dois salários mínimos por mês. Ele passou a morar com sua mulher há quatro meses, mas a situação financeira não permite que faça planos, como o de ter filhos, por exemplo. “Pago R$ 800 de faculdade, R$ 500 de aluguel (a mulher paga outros R$ 500), gasto R$ 500 com alimentação e R$ 250 de combustível, mais R$ 80 de internet, além de energia e água. O salário não dá, não sobra nem para um happy hour.”

Isso explica porque, além do atraso do carnê, ele está com mais de R$ 500 negativos no cartão de crédito, que tem juros elevados, e já teve problemas com o cheque especial. Após estourar o limite, ele teve de negociar com o banco e ainda tem um resto da conta para pagar. “É tanta conta que tenho medo que vire uma bola de neve, mas não há o que cortar. Não tenho gasto supérfluo”, diz. Para sua sorte, a moto que usa para ir ao trabalho e à faculdade já está quitada.

No caso do carnê atrasado da loja de departamentos, ele fez o pagamento para tirar o nome do cadastro de inadimplentes, mas reclama do juro alto. “A parcela era de R$ 205, atrasei 45 dias e paguei R$ 290, ou seja, subiu R$ 85, não sei que juro maluco é esse.”

A mulher de Matheus é professora em academia de ginástica e ele divide com ela as despesas da casa. O gasto mais elevado é com a faculdade particular onde o rapaz cursa Tecnologia da Informação (TI). Como trabalha e estuda, não sobra tempo fazer “bicos” e ganhar algum dinheiro extra. Com a crise do País, ele se dá por feliz por estar empregado e nem cogita pedir aumento de salário. “Até pensei em parar a faculdade, mas seria abrir mão de um futuro melhor. Vou levar assim, tentando pagar em dia o que for possível, e torcendo para que as coisas melhorem.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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