Passageiros procedentes de países afetados pelo Ebola terão de se submeter a uma aferição da temperatura e responder a um questionário assim que desembarcarem no País, durante o processo de imigração. Somente depois de o procedimento ser realizado é que vão receber o passaporte, que será entregue por autoridades sanitárias.
As mudanças foram anunciadas nesta sexta-feira pelo ministro da Saúde, Arthur Chioro, e pelo secretário de Vigilância Epidemiológica, Jarbas Barbosa. O procedimento, que será realizado em postos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já começou no Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, que responde por dois terços de todas as chegadas de pessoas vindas das áreas afetadas.
A implementação nos demais aeroportos será feita de forma progressiva e deverá ser concluída até novembro em Viracopos (Campinas), no Galeão (Rio), no Internacional Pinto Martins (Fortaleza), no de Brasília e no de Salvador. Os viajantes serão informados que o sistema de saúde no País é de acesso universal e gratuito, algo que, na avaliação de Barbosa, pode derrubar qualquer tipo de inibição para procurar assistência.
No material informativo também é indicado o local para onde ele deve se encaminhar, caso apresente algum sintoma. “Passageiros terão reforçadas as informações sobre a doença, os locais de assistência. Mas, além do serviço para passageiros, o material informativo facilitará o trabalho das equipes de saúde para confirmar ou descartar a suspeita”, disse Barbosa. Isso porque o documento traz dados do passageiro, o voo de procedência e a data de desembarque, informações importantes para avaliar se o paciente preenche os requisitos necessários para se enquadrar na definição de casos suspeitos. O folder virá em português, inglês, espanhol e francês.
Barbosa ressaltou que o número de passageiros procedentes de países afetados pelo Ebola é muito pequeno. Diariamente, chegam ao Aeroporto de Cumbica 40 mil passageiros internacionais. “Dos países com transmissão da doença, durante todo ano, vieram 529”, disse Barbosa. O ministro da Saúde afirmou que a abordagem aos passageiros é fundamentalmente de informação. A temperatura será medida por meio de um aparelho que se assemelha a uma pistola. “A abordagem tem como objetivo também facilitar o trabalho da equipe de saúde e contornar qualquer eventual barreira de comunicação”, disse Chioro.
Não há voo direto desses países para o Brasil. Geralmente, pessoas vindas dessas regiões fazem escala no Marrocos. Barbosa considera fundamental a entrevista realizada antes de o passageiro embarcar, ainda nos países africanos.
“Acreditamos que seja muito pequeno o risco de o paciente liberado na primeira entrevista apresentar algum sintoma 24 horas depois, quando desembarcar”, disse. O secretário ressaltou, no entanto, que, mesmo que a medida seja adotada, ela não tornará o País imune ao aparecimento da doença. “Nenhuma ação isolada é suficiente. Nenhuma barreira, por mais bem feita, é infalível.”
Barbosa reforçou que o scanner de temperatura, aparelho usado para identificar a temperatura de todos os passageiros que desembarcam, continua sendo considerado ineficaz. “Esse tipo de controle já foi usado em outras ocasiões, como Síndrome Respiratória Aguda e não trouxe bons resultados.” Já Chioro lembrou que a medida que agora passa a ser adotada é pontual, dirigida a pessoas procedentes de áreas de risco. “Mais importante que a medição de temperatura é a informação.” Caso durante a entrevista o viajante informe ter tido contato com alguma pessoa infectada, ele será monitorado por profissionais de vigilância estadual de saúde e terá a temperatura verificada diariamente.