O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, salientou nesta terça-feira, 27, que o crédito voltado para o consumo este ano mostra um arrefecimento ante períodos anteriores. “O ciclo econômico é uma explicação para isso”, afirmou o técnico do BC. Outro ponto, segundo ele, é a própria cautela das famílias, que estão mais reticentes em se endividar, como mostrou o BC no quadro de endividamento da nota de crédito.
Nesse trecho da nota, o endividamento das famílias sem levar em conta os financiamentos imobiliários recuou de 27,2% em junho para 27,1% em julho. “O terceiro fator, claro, é o encarecimento do crédito com a alta das taxas de juros, acompanhando o ciclo (de política monetária)”, citou. A taxa básica de juros Selic está atualmente em 14,25% ao ano.
Crédito a famílias
De acordo com Maciel, a alta menor, em setembro, do crédito a famílias se deu em decorrência dos segmentos de automóveis, cartão de crédito e também porque o mês passado teve um dia útil a menos do que em igual mês de 2014. “É pouco comum nesta época do ano o crédito das famílias apresentar queda da expansão”, disse. O recuo foi de 4,6% para 4% de agosto para setembro.
Outra causa, de acordo com o técnico do BC, é a desaceleração do crédito de aquisição de veículos que vem sendo vista desde 2013. Além disso, houve redução também do segmento do cartão de crédito à vista no mês. “Isso é um indicativo de fragilidade do consumo, como temos observado nas pesquisas de comércio do IBGE”, ressaltou.
Seletividade dos bancos
Maciel sugeriu que o menor ritmo de expansão do crédito em 2015 não tem relação com compulsórios. Questionado sobre o tema, afirmou que seletividade dos bancos e menor demanda têm pesado no cenário. “A parte de demanda é mais presente este ano acompanhando a economia”, disse. “A maior seletividade das instituições, já vem há algum tempo, desde 2012”, observou.
Na sexta-feira, 23, o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, adiantou que o governo estuda novas medidas para elevar o crédito e aquecer o consumo. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, duas premissas básicas estão norteando este planejamento: as medidas devem ser tomadas sem comprometer a política fiscal e o impacto na inflação tem de ser o mais baixo possível.
Câmbio
O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, afirmou que o câmbio tem aumentado o estoque de crédito direcionado e livre, para empresas, influenciado pelas modalidades referenciadas em moeda estrangeira. Esses financiamentos também têm avançado com o aumento da demanda por desconto de duplicatas em decorrência do comércio, que no fim do ano usa mais crédito para expandir estoques e se preparar para as festas de fim de ano.
“Não fosse o câmbio, o avanço de 1,4% do crédito direcionado para PJ entre agosto e setembro seria uma queda de 0,6%”, avaliou Maciel.