O economista e professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Antônio Corrêa de Lacerda disse que não vê com bons olhos o aumento de 0,5 ponto porcentual da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 5% para 5,5% para o primeiro trimestre de 2015. O anúncio foi feito nesta sexta-feira à noite depois que, em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu pela majoração da taxa usada em financiamentos do BNDES.
Para Lacerda trata-se de uma sinalização ruim porque a TJLP foi aumentada num momento em que a economia brasileira encontra-se bastante debilitada. “Neste momento a economia precisa é de estímulos. O aumento do único instrumento de ajuste dos financiamentos de longo prazo que temos não contribui para a retomada do crescimento”, lamentou Lacerda.
Ele diz existir sim um distanciamento entre a taxa básica de juro, a Selic que hoje está em 11,75% ao ano, e a TJLP. Mas a distorção, segundo o economista, está na Selic e não na TJLP. “E não podemos misturar taxa de juro de curto prazo, como a Selic, com taxa de longo prazo, como a TJLP”, afirmou o professor da PUC.
Para Lacerda, elevar a TJLP é um desestímulo ao investidor brasileiro que já concorre com os estrangeiros, que em seus países conseguem financiamentos a taxas baixas. “Sou a favor de que se faça ajustes para que a economia entre novamente nos trilhos, mas não que se encareça o investimento porque isso trava o crescimento”, criticou.
De acordo com Lacerda o CMN encareceu a taxa de juro do único banco que faz financiamentos de longo prazo, o BNDES. “O BNDES responde por 20% de todo a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) do País. E o que precisamos é estimular estes investimentos”, sugeriu o economista.
Para Lacerda, os estímulos deveriam ser feitos inclusive para que os bancos privados passem a operar financiamentos de longo prazo. “Como isso não vai acontecer rápido, o que o governo deveria fazer é fortalecer o PSI (Programa de Sustentação do Investimento) e manter a TJLP baixa”, disse Lacerda.