Apesar de certa previsibilidade nos cenários para 2024, o ano que vem tem tudo para ser relativamente tenso, afirmou nesta quinta-feira, 7, o pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Armando Castelar.
O ambiente fiscal e a mudança de presidência do Banco Central (BC) podem ser fontes relevantes de incerteza para o período, acrescentou. Ele participou de seminário de análise conjuntural promovido pela FGV em parceria com o <b>Estadão</b>.
Com as eleições municipais e outras questões políticas, a tendência é de que o governo federal queira aumentar gastos e tente um incremento de carga tributária para fechar as contas, analisou. O problema, ressaltou Castelar, é que a tolerância para o aumento de carga, que já não é tão grande, está diminuindo. "O primeiro ano de governo é de lua de mel", disse. "Vai gradativamente estressando."
Para o chefe do Centro de Estudos Monetários do Ibre/FGV, José Julio Senna, que também participou do seminário, o Banco Central deve promover mais três cortes de 0,50 ponto porcentual na taxa Selic, nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) em dezembro, janeiro e março. A partir desse ponto, segundo ele, o cenário de incerteza é muito grande, o que dificulta a avaliação.
"Diria que, a julgar pelo cenário lá fora, o BC tem condições de continuar com cortes de 0,50 ponto. O presidente do BC tem enfatizado (nos comunicados) a manutenção do ritmo nas próximas reuniões, o que, na cabeça dele, significa mais duas reuniões. Mas temos um grau de confiança muito bom que, pelo andar da carruagem, podemos esticar essa corda um pouco, com três cortes de 0,50", explicou Senna.
<b>PIB</b>
O Ibre/FGV elevou a projeção para crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2023 de 2,7% para 2,9%, disse a coordenadora do Boletim Macro do Instituto, Silvia Matos, durante participação no seminário. A revisão, afirmou, ocorreu devido às revisões na série histórica do IBGE, na divulgação do PIB da última terça-feira, que apontou crescimento de 0,1% da economia no terceiro trimestre.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>