O chef e apresentador do programa Hoje em Dia, da Rede Record, Edu Guedes, aprendeu a cozinhar na infância com sua avó materna de origem italiana. Ele nunca esqueceu os almoços em família, com muitas histórias contadas à mesa, risos altos, descontração e, claro, uma saborosa comida. "A cozinha tem uma característica especial de reunir as pessoas; cozinhar é sempre envolvido de harmonia, reunião de amigos, de família", enfatizou à reportagem. Mas o corre-corre de uma cidade como São Paulo tem levado as pessoas a comerem mal e errado. Essa é uma das preocupações de Edu Guedes que tenta, por meio de seu trabalho, mudar o hábito alimentar dos milhares telespectadores que o assistem e admiradores, ensinando comidas que "se comem com os olhos" e incentivando uma boa alimentação.
"Falta às pessoas se reunirem para comer. Acho importante não perdermos o hábito de sentarmos à mesa e desfrutar com calma de uma boa refeição", disse este paulistano que tem no documento de identidade o nome Eduardo Sanches Guedes e a data de nascimento 18 de maio de 1974. Ele cursou faculdade de Administração de Empresas na FMU-SP e estudou gastronomia em Bologna, na Itália.
E seu prato preferido? O famoso chef não pensou duas vezes: arroz, feijão, batata frita e bife à milanesa. Ou seja, a cara do brasileiro. E como bom brasileiro, ele saiu em defesa de nossa cozinha: "ela é maravilhosa".
– O brasileiro, em geral, come bem?
EDU GUEDES – Todas as cozinhas apresentam características próprias. Os lugares que visitei têm culturas diferentes, então a maneira de se vestir é uma, e também o tipo de culinária. E esta diversidade de sabores e temperos é algo fascinante porque descobrimos muitas novidades e eu adoro conhecer estas diferenças. O meu maior aprendizado foi nas ruas, é preciso estar aberto para aprender. A cozinha brasileira é maravilhosa, nos permite uma série de experimentos e combinações. No Brasil, com um prato simples de arroz é possível fazer um prato legal como o risoto. O arroz é um ingrediente que combina com muita coisa, é muito versátil. Com o que tiver na geladeira dá para fazer algo saboroso.
– O famoso e tradicional prato com arroz, feijão e bife pode ser considerado a cara do brasileiro?
EDU GUEDES – Com certeza! Aliás, meu prato preferido é arroz, feijão, batata frita e bife à milanesa.
– É mito ou verdade que passamos para os alimentos, no momento em que estamos cozinhando, nosso estado de espírito?
EDU GUEDES – A alquimia da cozinha depende do estado de espírito. Quantas vezes não erramos uma receita por estarmos apressados ou sem paciência? Cozinhar é muita coisa: é prazer, satisfação, é se entregar em fazer algo especial para o prazer das pessoas.
– Cozinhar é mesmo uma arte ou um livro de receitas pode transformar qualquer pobre mortal em um artista?
EDU GUEDES – Depende de talento e vocação. Uma pessoa com vocação pode criar receitas, as pessoas que têm talento podem seguir o passo a passo e fazer um prato sensacional. E têm aquelas pessoas que não sabem ou não gostam de cozinhar.
– Existe alguma dica especial para quem quer aprender a cozinhar?
EDU GUEDES – Fazer aquilo que ama, que te dá felicidade. Assim como em qualquer outro trabalho, é preciso concentração para fazer um produto bem feito. É uma constante evolução. Estou sempre buscando novidades. Utilizo muito, por exemplo, o livro Ingredientes (editora Konemann) para pesquisa. Ele contém centenas de fotografias e informações preciosas sobre os segredos dos alimentos.
– É importante os pais incentivarem seus filhos a arte da cozinha? A partir de qual idade seria o ideal?
EDU GUEDES – Acho que falta às pessoas se reunirem para comer. Por isso faço a minha revista mensal com umas 35 receitas. Estou com um projeto de um livro para melhorar a alimentação das escolas e, em consequência, na casa dos alunos. A ideia é de que a criança leve a informação para o pai e para a mãe. Pelos cálculos que fiz, jogamos muita comida fora. Não faço política, mas sei que podemos melhorar. Quero fazer este trabalho em conjunto. Unir a força do mercado alimentício e conseguir um bom resultado. Acho que tem muito a ver com o momento que eu estou vivendo com a Maria (a filha), tentar transportar minha experiência com a alimentação para outras pessoas.
– O dia-a-dia louco de uma cidade como São Paulo impede a descoberta de grandes talentos na cozinha?
EDU GUEDES – Acredito que uma cidade do porte de São Paulo, com tantos estabelecimentos, cursos profissionalizantes, é um celeiro para descobrir novos talentos. São muitas as oportunidades oferecidas, é preciso aproveitá-las.
– Mas o corre-corre e o estresse não tiram o prazer de cozinhar e são responsáveis pelo consumo em excesso de pratos congelados? Como resgatar o prazer de comer bem?
EDU GUEDES – A falta de tempo tem levado as pessoas a comerem mal e errado. Eu cozinho desde pequeno, mas profissionalmente há mais de 15 anos. Sempre cozinhei com minha avó, ela era de origem italiana, meu avô era espanhol. A gente cozinhava muito e fazia para a família mesmo. A cozinha tem uma característica especial de reunir as pessoas; cozinhar é sempre envolvido de harmonia, reunião de amigos, de família. Acho importante não perdermos o hábito de sentar à mesa e desfrutarmos com calma de uma boa refeição.
– Dá para organizar uma ceia deliciosa para o Natal gastando pouco?
EDU GUEDES – Sim, nossa cozinha permite muitas combinações saborosas, basta usar a criatividade.
