O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), decidiu não aceitar o convite do presidente do PSD, Gilberto Kassab, para trocar de legenda. O tucano foi convidado pelo dirigente para concorrer ao Palácio do Planalto pela sigla, mas resolveu ceder aos apelos dos colegas do PSDB, que fizeram diversos apelos para evitar a troca de partido. A decisão foi comunicada neste domingo, 27, por Leite a Kassab em uma conversa por telefone.
O gaúcho marcou um pronunciamento para a tarde desta segunda-feira, 28, em Porto Alegre, onde vai comentar sobre a decisão e anunciar a saída do governo do Rio Grande do Sul.
Mesmo assim, Kassab afirmou que o PSD ainda vai ter candidatura própria à Presidência e descarta apoiar outro partido no primeiro turno. Ele evitou mencionar nomes, mas nas últimas semanas o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung (PSD) era citado por Kassab como alternativa presidencial junto com Leite. "Vamos iniciar agora a discussão, assim como foi com o Rodrigo Pacheco, com Eduardo Leite", disse ao <i>Estadão</i>.
É a segunda recusa que Kassab recebe para um convite de concorrer ao Planalto. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), era a opção anterior, mas decidiu não concorrer ao cargo e focar no comando da Casa Legislativa.
O governador do Rio Grande do Sul chegou a sinalizar que trocaria de partido. Mesmo os aliados que queriam evitar a saída reconheceram que Leite ficou seduzido pela proposta de Kassab. A permanência do governador no PSDB foi articulada por caciques do partido, como o senador Tasso Jereissati (CE) e o deputado Aécio Neves (MG). Há duas semanas, diversos nomes expressivos do PSDB assinaram uma carta apelando para que o governador não fosse para o PSD.
Os tucanos aliados do gaúcho alertaram para os sinais dúbios que Kassab tem emitido, como os vários acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a falta de unidade dos membros da legenda, onde uma parte apoia o PT e outra apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL). Mesmo defendendo uma alternativa aos dois candidatos, o presidente do PSD já chegou a afirmar que apoiaria Lula caso o seu partido fique fora do segundo turno.
<b>Disputa interna</b>
Leite perdeu as prévias presidenciais tucanas para o governador de São Paulo, João Doria, em novembro do ano passado, mas aliados do gaúcho ainda tentam fazer com que ele seja a opção do partido para concorrer a presidente. Mesmo com a prévia, o candidato presidencial tucano só será oficializado durante a convenção do partido, que vai acontecer entre julho e agosto.
A ideia é construir uma maioria para que Doria seja rejeitado na convenção e impedir que a candidatura dele seja registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), colocando a de Leite. Apesar da pressão interna considerável contra Doria no PSDB, a avaliação de tucanos e de outros presidentes de partidos de centro é que a manobra será difícil de ser aplicada.
Aliados de Doria se mobilizaram contra o que chamam de tentativa de "golpe" contra sua pré-candidatura e cobram do presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, um posicionamento contundente em defesa do resultado das prévias presidenciais tucanas realizadas no ano passado.
No Twitter, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que "as prévias do PSDB foram realizadas democraticamente". "Assim sendo, penso que devem ser respeitadas", afirmou FHC.