Cerca de 90% dos eleitores egípcios que participaram de um referendo aprovaram mudanças na Constituição do país, afirmou a comissão eleitoral na última terça-feira, 23, em uma medida que pode abrir caminho para que o presidente Abdel Fattah al-Sisi permaneça no poder até 2030.
O comparecimento durante o referendo de três dias foi de 44,33%, dos quais 88,83% aprovaram as emendas, enquanto 11,17% votaram contra as medidas, segundo a comissão. “Essas (mudanças) são válidas a partir de agora como sua Constituição”, disse o chefe da comissão, Lasheen Ibrahim, após anunciar o resultado na TV estatal, acrescentando que mais de 23,4 milhões de eleitores aprovaram as mudanças no referendo.
No entanto, Ibrahim não falou sobre o artigo transitório projetado expressamente para beneficiar Sisi, que ganhará novos poderes, como o direito de escolher o presidente do Tribunal Constitucional e o procurador-geral. Ele ainda destacou que os egípcios não se deixaram influenciar pelos rumores divulgados durante o referendo, mas não citou as denúncias de compras de voto ocorridas em todo o país.
As emendas irão prorrogar o atual mandato de Sisi de quatro para seis anos, permitindo que ele concorra novamente a um terceiro mandato de seis anos em 2024, e que indique um ou mais vice-presidentes. Sisi usou o Facebook para comemorar os resultados e elogiou os egípcios que votaram com “consciência patriótica” diante dos desafios que o país enfrenta atualmente. “A cena maravilhosa protagonizada pelos egípcios com sua inteligência habitual quando participaram da votação sobre as emendas constitucionais, exercendo seu direito político e constitucional, ficará registrada com letras de orgulho nos anais da história de nossa nação”, disse Sisi.
Michele Dunne, diretora do Programa de Oriente Médio do Fundo Carnegie para a Paz Internacional, questionou a credibilidade dos números de comparecimento anunciados. “Ao invés de serem um reflexo dos dados reais, o comparecimento anunciado de 44% é mais provavelmente uma tentativa de retratar isso como o referendo constitucional mais legítimo, uma vez que tem o comparecimento mais alto já relatado”, disse.
A comissão eleitoral disse na tarde da última segunda-feira, 22, não ter recebido nenhuma reclamação formal sobre qualquer irregularidade. (Com agências internacionais)