O partido opositor de centro-esquerda Dostour informou neste sábado que boicotará as eleições no Egito, marcadas para 21 de março. A iniciativa é um protesto contra o que o Dostour qualifica como violações dos direitos humanos promovidas pelo governo militar do país.
Em comunicado, a sigla argumentou que o governo impossibilitou os partidos de oposição de fazer campanha abertamente. “O clima político atual não incentiva os partidos políticos a participar na vida pública”, disse o partido. O Egito não tem parlamento desde 2012, quando um tribunal ordenou a dissolução da legislatura anterior.
A Irmandade Muçulmana, do ex-presidente Mohammed Morsi, deposto em 2013, está impedida de participar das eleições do próximo mês, porque o governo baniu o movimento.
Os partidos enfrentam muitas desvantagens em uma lei eleitoral aprovada no ano passado. Quase 75% dos assentos na Assembleia Legislativa de 567 membros são reservados para candidatos individuais. Segundo analistas, isso favorece candidatos ricos o suficiente para financiar campanhas próprias. Outros 5% dos parlamentares serão diretamente nomeados pelo presidente Abdel-Fattah el-Sissi, ex-chefe do Exército que governa o Egito desde o ano passado.
Ativistas da oposição projetam que empresários bem relacionados e um ou dois partidos leais a el-Sissi irão dominar o próximo parlamento.
As tensões políticas ocorrem em um contexto de aumento da violência antigoverno, particularmente na Península do Sinai. El-Sissi culpa a Irmandade Muçulmana pelo derramamento de sangue.
Neste sábado, três policiais foram mortos a tiros na cidade de Minya, no centro do país, mas autoridades segurança disseram suspeitar que criminosos comuns teriam sido os responsáveis, e não rebeldes muçulmanos. Fonte: Associated Press.