Policial

Ela morreu me olhando nos olhos, diz filha de mais uma possível vítima

Terezinha Tanquine morreu após 10 dias de internação por choque septico em consequência de infecção generalizada e pneumonia nos dois pulmões

“Minha mãe olhou pra mim, já muito debilitada, uma lágrima escorreu de seus olhos e, ela, morreu ali, de mãos dadas comigo”. Assim Solange Tanquine Forti descreveu os últimos segundos de vida de sua mãe, Terezinha Maria de Jesus Tanquine, de 74 anos, 10 dias após dar entrada na internação do Hospital Padre Bento, o “Hospital da Morte”, como ficou conhecido após uma série de reportagens feitas desde o início deste ano.

Após quatro idas ao Padre Bento, Dona Terezinha deu entrada na internação somente em 29 de março deste ano, conforme contou a filha Solange. “Na quinta vez que fomos um médico (que foi muito atencioso) decidiu internar minha mãe para uma melhor avaliação. Ela precisava fazer eletrocardiograma, ultrassom e uma ressonância, pois no raio-x não acusava nada. Um ultrassom teria salvo a vida da minha mãe”, contou.

Segundo Solange, o hospital fez sua mãe morrer aos poucos, em doses, dia após dias. “Ela ficou 10 dias internada e não fizeram nenhum ultrassom, nenhuma ressonância. Entupiram ela de Dipirona e Tramal (remédios para aliviar dor) e mais nada. Diversas vezes cheguei ao hospital e não achava minha mãe no quarto e me diziam que ela tinha apresentado intercorrências, mas nunca me disseram quais intercorrências ela teve”.

Terezinha Tanquine morreu após 10 dias de internação por choque septico em consequência de infecção generalizada e pneumonia nos dois pulmões. “Minha mãe morreu porque não detectaram que ela tinha pedra nos rins. Isso só foi detectado após a morte dela. Um ultrassom teria acusado as pedras e ela teria tido um tratamento adequado. Ela morreu olhando nos meus olhos por pura negligência desse hospital e de quem trabalha ali. Os médicos mais jovens até tentam, mas não dão condições alguma de trabalho a eles. Perdi minha mãe e ninguém me deu satisfação de nada”, concluiu.

Secretaria garante que não existe falta de médicos no hospital

Na semana passada o Guarulhos HOJE publicou matéria “MP abre inquérito para apurar mortes e erros no Hospital Padre Bento”, mostrando que o Ministério Público está investigando o hospital após inúmeras denúncias feitas pelo jornal. A Secretaria Estadual da Saúde emitiu nota afirmando que não houve, de maneira alguma, mortes por decorrência de “falta de médicos” no hospital. Além disso, a Pasta informou também que pacientes internados em UTI possuem, na maioria dos casos, quadros graves de saúde que podem evoluir a óbito apesar de toda assistência médica prestada.

Quanto ao caso do paciente Thiago Felipe Maciel (um dos casos denunciados), como informado ao jornal anteriormente, o paciente foi atendido nas duas vezes que esteve no hospital. A direção da unidade abriu investigação interna, que está em andamento, para apurar a conduta médica adotada. Mas é preciso deixar claro de que se tratava de um quadro clínico extremamente delicado.

A Secretaria afirmou também que, atualmente, o Complexo Hospitalar Padre Bento conta com 203 médicos em sua equipe. Em 2012 foram contratados mais 18 profissionais e a meta é contratar mais 50 médicos para reforçar o atendimento à população.

Sobre a morte de Terezinha Maria de Jesus Tanquine, o hospital afirma não proceder a informação de que não tenham sido feitos os exames de ultrassonografia e ressonância magnética na paciente . Todos os exames solicitados pelos médicos foram realizados, inclusive os de ressonância e ultrassom.

A Secretaria disse também que o Hospital se coloca á disposição dos familiares de Terezinha Tanquine para quaisquer esclarecimentos, bem como a direção do local está à inteira disposição do Ministério Público e da Corregedoria Geral da Administração para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

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