O policial militar Luiz Paulo Dominguetti Pereira afirmou nesta quinta-feira, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, que se reuniu com o ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde Elcio Franco, para negociar a venda de vacinas pela empresa Davati Medical Supply. A negociação é investigada pela CPI após Dominguetti ter dito que recebeu um pedido de propina do ex-diretor de Logística em Saúde da pasta Roberto Ferreira Dias, exonerado ontem do cargo.
Elcio Franco foi o número 2 do ex-ministro Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde e era responsável por conduzir as negociações. Os dois são investigados pela CPI. O policial se apresentou como representante da Davati para vender 400 milhões de doses da AstraZeneca em janeiro deste ano. Ele disse ter sido surpreendido quando verificou que Elcio Franco, em reunião no ministério, não sabia da oferta da empresa.
O encontro teria ocorrido no ministério após a conversa com Roberto Dias. Na reunião com o número 2 da pasta, o vendedor da Davati disse que mencionou que a proposta de venda já havia sido feita a ao diretor de Logística em Saúde. "Houve uma troca de olhares, ele (Elcio) abaixou a cabeça, solenemente saiu e pediu para que dois estagiários pegassem nossos nomes e que ele entraria em contato, ele iria validar a proposta da Davati."
Dominguetti declarou ter recebido o pedido de propina no dia 25 de janeiro por Roberto Ferreira Dias durante um jantar no restaurante Vasto, em Brasília. A conta, de acordo com o depoente, foi paga em dinheiro por Roberto Dias. Além de Elcio Franco e Roberto Dias, as conversas também foram feitas com o diretor do Departamento de Imunização e Doenças Transmissíveis, Lauricio Monteiro Cruz. O vendedor negou que conheça o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressista-PR). O deputado se tornou alvo na CPI ao ser citado nas negociações para compra de vacina.