Na propaganda que foi ar neste sábado, 10, no horário eleitoral gratuito na TV, o presidente Jair Bolsonaro (PL) apostou em imagens dos atos de 7 de setembro e atrelou manifestações violentas ao PT. A campanha do candidato à reeleição avalia que mostrar a Esplanada dos Ministérios e a orla de Copacabana cheias de apoiadores do chefe do Executivo pode fazer com que eleitores indecisos sejam contaminados pelo "clima de vitória", numa espécie de "efeito manada", e decidam votar em Bolsonaro.
"Nosso Brasil está comemorando 200 anos de independência e a gente foi para a rua comemorar esse passado, mas também para dizer que Brasil a gente quer para o futuro", diz a locutora da peça publicitária, que aposta no eleitorado conservador e religioso, com foco na defesa da família e na rejeição ao aborto e à legalização das drogas.
"Está vendo essa galera toda aí? Tem pai, tem mãe, tem tio, avô, avó, tem a juventude, as crianças. Isso é a família, e todos querem a mesma coisa: um Brasil decente e seguro", acrescenta a locutora. "O Brasil que eu quero para os meus filhos é sem a liberação das drogas", afirma, em seguida, uma apoiadora. "É o que nós estamos precisando neste momento: a união das famílias", diz outra militante.
Na sequência, aparece um trecho do discurso de Bolsonaro na Esplanada dos Ministérios no 7 de setembro. "Hoje vocês têm um presidente que acredita em Deus, um governo que defende a família. Somos uma pátria majoritariamente cristã, que não quer a liberação das drogas, que não quer a legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero. E um presidente que deve lealdade a seu povo", diz o candidato à reeleição.
O programa de TV começa com imagens de um protesto em que manifestantes queimam a bandeira do Brasil. "Na época no PT, as manifestações eram assim, mas hoje temos um novo Brasil sendo construído", diz a peça publicitária. No final, aparece uma declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na qual ele diz que a "pauta da família e dos valores" é "atrasada".
Lula, por sua vez, repetiu o programa eleitoral de quinta-feira, 8, com críticas a Bolsonaro pela condução da pandemia e foco na saúde. O petista ressalta o atraso na compra de vacinas contra a covid-19 e defende o Sistema Único de Saúde (SUS). Naquele mesmo dia, Bolsonaro usou a propaganda na TV para prometer um adicional de R$ 200 no Auxílio Brasil para quem conseguir emprego, o que elevaria o valor recebido por esses beneficiários a R$ 800.
Na pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira, 9, Lula se manteve com 45% das intenções de voto no primeiro turno, contra 34% de Bolsonaro, que oscilou dois pontos porcentuais para cima na comparação com o levantamento anterior. Na simulação de segundo turno entre os dois candidatos, o petista venceria com 53%, ante 39% do atual chefe do Executivo.