Dias após o primeiro turno das eleições no Brasil, a Amazon Prime lançou a série Eleita – que, ao longo de sete episódios, traz a atriz Clarice Falcão de volta à comédia em uma distopia não tão longe da cena atual.
A história se passa em um Rio de Janeiro decadente: não existem mais livros, professores, editoras ou imprensa profissional. Neste cenário caótico, Fefê (Clarice Falcão), uma jovem influenciadora digital com aversão a qualquer tipo de responsabilidade, decide se candidatar ao cargo de governador de Estado "na zoeira".
O problema é que essa piada fez sucesso. Eleita, ela, que não sabe a diferença entre governador e prefeito, tentará conciliar sua vida agitada de festas com a administração do Estado do Rio de Janeiro.
Além de dar vida à protagonista, Clarice criou o seriado junto com Célio Porto e afirma que, por estar presente em todos os processos da produção, a personagem já foi "se incorporando" nela naturalmente.
"Ela é um sintoma de um cenário real que a gente não vê. Nós vemos que essa história não é tão impossível assim. O meme já é realidade. A internet tem uma coisa exacerbada, de espetáculo. Sinto que querem cada vez mais escândalos, então acabamos dando espaço para esse tipo de gente. Existe um vício pelo próximo meme", avalia a atriz.
<b>REALIDADE</b>
Em entrevista ao <b>Estadão</b>, a diretora Carolina Jabor comenta que, a princípio, a intenção era que a trama dialogasse com o surrealismo, porém foi se aproximando cada vez mais da realidade. "O que era meme para nós já era realidade na internet. A gente começou a criar uma série com um tom de surrealismo, mas já era real. A política, hoje, é muito influenciada pelas redes sociais", diz.
Carolina ainda destaca que, apesar de lamentar que a realidade seja tão semelhante à sátira proposta em Eleita, a forma como a história é retratada possibilita uma maior aproximação do público em torno do debate sobre política no País. "A comédia nos possibilita escrachar e extrapolar mais. Você pode fazer uma crítica em relação a esse cenário, mas a risada pode alcançar mais pessoas. É um gênero mais democrático e generoso", explica.
"Pessoalmente, essa comédia foi essencial para minha sanidade, após esse período de pandemia. É uma análise dos tempos que estamos vivendo e eu acho isso superimportante, porque propõe uma reflexão sobre o seu voto. Fala muito sobre o respeito que seu voto merece e não só sobre votar pelo ódio", conclui Clarice.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>