Opinião

Eles vêm E vão, a gente fica


Impossível escrever algo sem mencionar a tal “Luiza”, que já voltou do Canadá, escondida, e ganhou a telinha da Globo. Também não dá para ignorar o tal do BBB, que fez com que muita gente que jura de pé junto que não assiste desse uma espiadinha. Todos queriam ver a noite de Daniel, o expulso, e a tal Monique. Quem sabe, de sobra, assistir algo que ocorreu embaixo do edredom.


Sobre a tal Luiza, demorei um pouco para entrar na onda, mas acabei aderindo, já que parecia um alienígena na rede, enquanto ignorava o fenômeno. Imediatamente lembrei da bela canção do mestre Tom Jobim e postei três versões: uma com o próprio autor, outra na voz de Ana Carolina e a terceira com Chico Buarque. Para quem não lembra, um trechinho: “Vem cá, Luiza. Me dá tua mão. O teu desejo é sempre o meu desejo. Vem, me exorciza…”


Não deixou de ser engraçado ver colegas e também instituições citando o bordão “Todo mundo, menos a Luiza que está no Canadá” nas mais diferentes situações. Porém, a que gerou mais polêmica e até uma demissão ocorreu no Twiiter oficial do Palácio do Planalto que cutucou o ex-governador José Serra. “Com a volta da Luíza, quem tá indo para o Canadá é o Serra”. Algo de mau gosto, que acabou rendendo uma resposta do próprio político em duas postagens: “Aceito a desculpa pelo que aconteceu com o twitter do Planalto. O autor reconheceu o erro e não há motivo para demiti-lo. Assunto encerrado.” Em seguida, completou: “Ah, sim, queria avisar o Planalto que não fui ao Canadá, até porque a Luiza voltou.”


Já no caso dos BBBs, prevaleceu de novo a hipocrisia nacional, que suscitou em alguns a defesa da censura, com ataques à democracia. Legiões de santinhos saíram à caça da Globo, sugerindo que as autoridades tirassem do ar o programa. Não quer ver, muda de canal. Simples. Propor boicote aos produtos anunciados ali? Até é uma forma de manifestação. Mas isso é decisão pessoal. Nada de movimento da moral e bons costumes que vêm do nada.


Não gosto de UFC, essa outra mania que se espalha rapidamente, para mim, divulgando a violência gratuita para quem quiser ver. Não assisto. Não perco um minuto e tento passar isso a meus filhos. Evito, de todas as formas possíveis, que fiquem em jogos de lutas em seus videogames. Jamais comprei um jogo desses. Sei que é uma onda. Que passará. Assim, como o tal do Michel Telló. Aliás, essa foi a maior qualidade do surgimento da Luiza. Pelo menos, deram um tempinho naquela coisa de “nossa, nossa…”.


Ernesto Zanon


Jornalista, diretor de Redação do Grupo Mídia Guarulhos, escreve neste espaço na edição de sábado e domingo


No Twitter: @ZanonJr

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