Semanas antes da estreia de O Avarento (2006), última peça estrelada por Paulo Autran, o ator Elias Andreato estava no palco vestido como uma múmia. Não se tratava de um figurino, mas de uma recente cirurgia de correção nos “olhos tristes” de um artista que, curiosamente, sempre fez a plateia rir. Lançada ontem, 8, a biografia Elias Andreato, A Máscara do Improvável, do jornalista Dirceu Alves Jr., resgata a trajetória do ator e diretor paranaense de 64 anos, que estava com Autran, em Paris, quando surgiu a ideia de montar o texto de Molière. “Ficamos amigos. Paulo acreditou em mim e confirmou que eu tinha nascido para o ofício de ator.”
Antes disso, Andreato questionava seu espaço de intérprete desde a estreia profissional em 1977, na peça Pequenos Burgueses e, após passar pela companhia de Renato Borghi, trabalhou com diretores como Marcio Aurélio, Jorge Tackla e Roberto Lage. Além do humor com que enriquece seus personagens, o ator conta que a carreira também se fez na dor, como quando descobriu ter hepatite C, na época em que estava em cartaz com o solo Van Gogh (1993), ou ainda na fase em que sua saúde estava frágil, o que aconteceu nas gravações da novela Suave Veneno (1999). “Levei um bom tempo para aprender a lidar com algo físico que me deprimia. Não era fácil gravar com febre.”
Entre grandes nomes, o de Maria Bethânia atravessa a vida e os sonhos de Elias. “Eu nem era ator, mas ao ver o show Rosa dos Ventos percebi que queria fazer algo como ela.” Confiando que a vida podia ser gentil com ele, Elias foi recompensado com a presença de Bethânia na plateia de Oscar Wilde (1997) e com o convite para dirigi-la em 2010 no show Bethânia e as Palavras. “Ela nunca precisou de mim, eu não fiz nada.”
ELIAS ANDREATO, A MÁSCARA DO IMPROVÁVEL
Autor: Dirceu Alves Jr.
Editora: Humana Letra (192 págs., R$ 43)