Elizabeth Warren abandona disputa democrata

A senadora Elizabeth Warren deixou a disputa presidencial democrata nesta quinta-feira, 5. Sua campanha terminou após a frustração com os resultados da Superterça – ela não venceu prévias em nenhum dos 14 Estados. A saída de Warren deixa a corrida oficialmente limitada ao senador Bernie Sanders e ao ex-vice-presidente Joe Biden. Ao anunciar a retirada, ela preferiu não apoiar ninguém – por enquanto.

"A partir de agora, não estarei mais concorrendo à presidência em 2020, mas garanto que continuarei na briga pelos trabalhadores de todo o país", disse a senadora na quinta, ao anunciar sua desistência, diante de sua casa na cidade de Cambridge, no Estado de Massachusetts.

Warren é uma senadora progressista, ideologicamente mais próxima de Sanders. Na quarta-feira, os dois conversaram por telefone sobre a disputa, mas não chegaram a discutir um apoio formal. "Warren me disse é que está reavaliando sua campanha, afirmou Sanders. "Mas esta é uma decisão exclusivamente dela."

Ontem, no entanto, ao comunicar o fim de sua campanha, ela não quis apoiar ninguém. "Eu preciso de espaço", disse. "Não haverá nenhuma apoio, por enquanto." Segundo assessores, porém, a senadora ainda estuda apoiar um dos dois. Ainda não sabe quem.

O apoio de Warren, porém, não significa uma transferência automática de votos. Segundo o New York Times, pesquisas feitas pela cúpula do Partido Democrata indicam que Biden e Sanders dividiriam os votos dela. Os números são parecidos com uma sondagem do instituto Morning Consult, publicada na semana passada.

Embora Warren seja da ala esquerda do partido, ela tem posições mais moderadas que Sanders. Durante a campanha, a senadora tentou se colocar entre os centristas, representados por Biden, e os progressistas radicais, mas nunca conseguiu criar uma terceira via na disputa e passou a maior parte do tempo à sombra de Sanders.

Warren era a única mulher com reais chances de vencer as primárias do partido – a deputada Tulsi Gabbard, do Havaí, ainda permanece na corrida, embora ninguém saiba exatamente por quê. A campanha democrata, portanto, fica restrita a dois homens brancos, Biden, de 77 anos, e Sanders, de 78. Quem vencer terá a chance de enfrentar o presidente Donald Trump, outro homem branco, de 73 anos.

<b>Diversidade</b>

Por isso, muitos analistas lamentaram a saída de Warren e a perda de diversidade na corrida presidencial. "É um dia triste para muita gente", disse a consultora Jill Warren, que apoia Elizabeth – e não tem relação de parentesco com ela. "A saída dela mostra que o império dos homens brancos ainda não acabou."

Após o fracasso da candidatura de Hillary Clinton, em 2016, muitos acreditam que o caminho das mulheres até a Casa Branca ficou mais difícil. "As pessoas ainda acham arriscado uma candidatura feminina", afirmou Christina Reynolds, ativista e vice-presidente da Emilys List, grupo que promove candidaturas de mulheres. "Os eleitores estão decidindo quem tem mais força para vencer Trump. E o tempo todo eles escutam que uma mulher não seria capaz de derrotá-lo."

Durante a curta campanha, Warren bateu de frente com o sexismo. Os dois melhores momentos da senadora ocorreram durante o debate em Las Vegas, quando ela nocauteou dois pesos pesados da política americana: o ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e o apresentador Chris Matthews.

Durante a transmissão do debate, em 19 de fevereiro, ela mencionou os casos de assédio sexual de Bloomberg, questionando os acordos de confidencialidade que bilionário assinou com vítimas de abuso na Justiça. "São poucos", respondeu Bloomberg. "Quantos?", pressionou Warren. Foi quando o magnata se perdeu. "Não foi nada, apenas algumas piadas que eu contei e elas não gostaram."

Em seguida, Warren derrubou outro ícone da política americana. Matthews era âncora do programa Hardball, da MSNBC, e tem uma longa ficha corrida de comentários sexistas. Ele tentou confrontá-la sobre as acusações contra Bloomberg, questionando a credibilidade de uma das mulheres que o acusava.

"Por que ele mentiria?", perguntou o âncora. "Por que ela mentiria?", respondeu Warren. A entrevista se propagou rapidamente pela internet e várias mulheres denunciaram o comportamento machista de Matthews, que foi obrigado a deixar o programa e anunciou sua aposentadoria.

<b>Próxima rodada</b>

Agora, sem Warren – e apenas com Biden e Sanders -, as primárias terão uma nova terça-feira decisiva no dia 10. Em disputa, os Estados de Washington, Idaho, Michigan, Dakota do Norte, Missouri e Mississippi. De acordo com pesquisas, Sanders é favorito em quatro prévias. Biden, em duas. (Agências Internacionais)

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