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Em 2013, teste detectou urânio em bebedouro para animais na Bahia

Um bebedouro de animais no distrito de Maniaçu, em Caetité (BA), apresentava já em 2013 indícios de urânio natural (U-nat) acima das medições históricas feitas havia anos no local pela estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB). A descoberta aconteceu antes dos testes que, no fim de 2014, encontraram sinais de U-nat na água de um poço no município vizinho de Lagoa Real, como revelou o jornal O Estado de S.Paulo com exclusividade no dia 22. A INB, porém, alega que os valores dos dois casos não são associados à atividade que comanda.

A empresa explora ali, há 15 anos, a única jazida do mineral em atividade na América Latina, e alimenta as Usinas de Angra 1 e Angra 2, no Rio. A medição acima da média foi obtida em um dos pontos do sistema de monitoramento nuclear mantido pela estatal, o LR001. Foi feita no terceiro trimestre de 2013. As informações sobre as medições acima do normal ali constam de relatório elaborado em resposta a pedido da reportagem de 2015, com base na Lei de Acesso à Informação.

O episódio de Lagoa Real foi diferente do de Maniaçu. Sua investigação começou a pedido de moradores em uma propriedade privada, fora da área monitorada pela INB. Já o sistema de monitoramento da estatal faz medições periódicas em pontos determinados. É mantido por causa dos riscos ao meio ambiente e aos seres humanos representado pela radiação. Mede a presença de elementos radioativos como urânio natural (U-nat), rádio 226 (Ra 226), radônio, chumbo 210 (Pb 210) nas águas subterrâneas e pluviais, no ar, em sedimentos, nos alimentos. A contaminação radioativa pode causar mutações genéticas e doenças graves.

“A concentração de U-nat, na fração solúvel da amostra coletada no terceiro quadrimestre de 2013 (5,4E-01 Bq/L) está acima dos valores históricos”, afirma o documento fornecido pela INB. “O máximo encontrado até então, nessa fração, tinha sido de 5,OE-01 Bq/L no segundo quadrimestre de 2012.”

O texto aponta ainda que o ponto LR001, onde foi constatada a contaminação, “representa, atualmente, um pequeno tanque que foi feito dentro da antiga lagoa”. Ali, durante os períodos de grande estiagem, a água chega quase a secar, afirma o documento. “Esse tanque recebe água somente de chuva e drenagens pluviais e é usado somente para dessedentação de animais (ou seja, é destinado a dar de beber a criações da região). Esse ponto pertence a uma bacia hidrográfica que não está relacionada a possíveis contribuições da URA”, diz o texto.

Resultados normais

A INB afirma que outras medições envolvendo elementos radioativos tiveram resultados normais ali. “As concentrações de atividade de U-nat e Pb-210 (chumbo 210) obtidas nas amostras coletadas em 2013 no ponto LR001, sedimento, estão dentro da faixa dos valores históricos para as amostras de sedimento.”

Também em 2013 o mesmo ponto LR001, segundo a INB, registrou medições de rádio em aerossol (Ra-226 no ar) acima dos valores históricos do local, mas dentro da variação em outros pontos. Por isso, não haveria anormalidade, nem perigo. “As concentrações de atividade dos radionuclídeos U-nat e Pb-210 encontradas no ponto LR001 em 2013 estão de acordo com os valores históricos. A concentração de Ra-226 encontrada na amostra de 2013 está acima dos valores históricos do ponto, mas dentro da faixa das concentrações encontradas em outros pontos”, diz o texto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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