Estadão

Em 75 anos, NBA se tornou liga global, com raízes muito além dos Estados Unidos

A temporada 2021-2022 que começa nesta terça-feira promete ser especial pelo aniversário de 75 anos da NBA. Durante mais de sete décadas, a liga passou por diversas transformações para chegar ao patamar que está atualmente. Mudou a forma de como o basquete é jogado, se tornou referência de organização e transparência e abriu suas portas para receber atletas do mundo todo.

Serão 113 estrangeiros em um universo de 489 jogadores (376 dos Estados Unidos) listados no site da NBA. Todos os cinco continentes estão representados, com destaque para Canadá (20) e França (12), entre os países com mais representatividade. O Brasil terá apenas dois atletas: Raulzinho Neto, do Washington Wizards, e Didi Louzada, do New Orleans Pelicans.

A invasão dos gringos que começou na década de 1990, após os profissionais serem liberados para atuar nos Jogos Olímpicos de Barcelona, e ganhou forças nos últimos anos, causou um impacto enorme da liga. Não à toa, nas últimas três temporadas, o prêmio de MVP (Jogador Mais Valioso) foi para um estrangeiro. O grego Giannis Antetokounmpo, do Milwaukee Bucks, faturou duas vezes seguidas e o sérvio Nikola Jokic, do Denver Nuggets, é o atual vencedor.

Diversas são as razões que tornam a NBA única. A liga é referência no cenário esportivo global. Ela soube, como nenhuma outra, se transformar não só numa supremacia dentro das quadras como também fora delas. A partir dos anos 1990, com a Era de Michael Jordan e David Stern, a NBA conquistou o mundo de vez, unindo não só a qualidade de seus jogadores, como também o potencial da entidade em valorizar sua própria marca. A NBA não era mais somente um campeonato de basquete dos Estados Unidos. Ela passou a se tornar algo além disso.

O momento da chegada da TV a cabo também ajudou a impulsionar a marca da liga. Emissoras que até então não tinham um alcance considerável passaram a ser transmitidas ao mundo todo. A NBA surfou nesta onda e soube aproveitar para crescer seu raio de alcance. Surge uma era onde era possível ver Michael Jordan dar um show pelo Chicago Bulls com um simples apertar de um botão de um controle remoto. A gestão do então comissário David Stern durante este período foi marcante para esta consolidação como grande potência.

Crianças no mundo todo passaram a ter um sonho em comum: brilhar nas quadras do Estados Unidos. E hoje, se temos estrelas como Luka Doncic, Giannis Antetokounmpo e Nikola Jokic, muito se deve a este movimento em que a liga soube combinar, de maneira impecável, o momento global com sua forte geração de atletas.

A NBA hoje é mais que basquete e o mundo todo sabe disso. É estilo de vida. É referência dentro e fora da quadra. Tem seu próprio serviço de streaming há anos. Transformou produtos como o Draft e o All Star Game em verdadeiros eventos globais. Tem um modelo financeiro que permite que as franquias permaneçam com a qualidade técnica e saúde financeira niveladas. Estes são apenas alguns dos inúmeros triunfos da liga, que também promove diversos eventos internacionais e até já realizou jogos fora dos EUA.

Foi referência em meio à pandemia do novo coronavírus, quando conseguiu finalizar sua temporada em uma bolha na Flórida, e, na seguinte, com o retorno parcial do público aos ginásios. O desafio agora é conduzir o processo de normalização da temporada. Não será fácil, como ficou claro na polêmica com o armador Kyrie Irving, uma das estrelas do Brooklyn Nets, que está impedido de atuar porque não quer se vacinar.

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