Estadão

Em ata, dirigentes do BCE mantêm opções em aberto para setembro e temem risco de estagflação

Os dirigentes do Banco Central Europeu (BCE) preferiram manter suas opções em aberto para a próxima decisão, de setembro, enquanto também temiam o risco de estagflação na zona do euro, mostrou a ata da reunião de 26 e 27 de julho, divulgada nesta quinta-feira, 31.

Os indicadores recentes da região sugerem "perspectiva fraca de crescimento" na zona do euro, mostrou o documento. A ata aponta que, na reunião, foi afirmado que, caso não ocorram choques adversos na oferta, poderia ainda se confirmar um quadro de "estagflação", em que mesmo uma recessão não viria acompanhada de "redução clara na inflação". Por outro lado, o mercado de trabalho seguia "robusto", com a taxa de desemprego na mínima histórica em maio e dados recentes apontando para continuidade na expansão de vagas na região.

A ata destaca uma mudança nos componentes da inflação, com peso menor do quadro externo e fontes domésticas com mais peso, entre elas o avanço dos salários e dos lucros corporativos. Sobre os salários, os dirigentes acreditam que os riscos de efeitos que levem a uma eventual espiral de altas parecem contidos.

O BCE também mostra um foco especial sobre a inflação no setor de serviços, que ainda "não mostra ajuste significativo para baixo". Ao mesmo tempo, diz que as expectativas de inflação no longo prazo seguem em geral em "cerca de 2%", embora acrescente que alguns indicadores "sigam elevados e precisam ser monitorados com cuidado".

A perspectiva para a inflação, de qualquer modo, segue "muito incerta", com riscos de alta e de baixa. Pode haver choques na inflação, levando-a para mais longe da meta, advertia a instituição. A ata não descartava que o núcleo da inflação seguisse em nível elevado por um "período prolongado".

Ainda segundo o documento, houve consenso entre os 25 dirigentes pela alta de 25 pontos-base nos juros adotada na ocasião.

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