Banqueiros e empresários se reuniram, em dois momentos, na segunda-feira, 22, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Foram discutidas saídas para agilizar a compra de vacinas e insumos, no pior momento da pandemia no País. Em tom de cansaço e críticas, apresentaram três preocupações: vacina, falta de leitos, além de insumos e medicamentos para aqueles que estão internados, por conta da covid-19. Um dos empresários também pediu benefícios fiscais, em troca de gastos com iniciativas de combate à pandemia.
O primeiro encontro foi organizado pelo médico Claudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein e do Icos (Instituto Coalizão Saúde). Mais tarde, um jantar ocorreu na casa de Washington Cinel, dono da empresa de segurança Gocil. Dentre os participantes, estiveram os banqueiros Luiz Carlos Trabuco, presidente do conselho de administração do Bradesco, e André Esteves, sócio-fundador do BTG Pactual, os empresários Abilio Diniz, Flávio Rocha, da Riachuelo, e Carlos Sanchez, da fabricante de medicamentos EMS. Alguns, como Diniz e Rocha, participaram por videoconferência.
Conforme apurou o <b>Estadão/Broadcast</b>, o tema do debate foi exclusivamente a pandemia – em diferentes frentes na discussão. Uma das vertentes da elite empresarial do País começa a falar em uma "frente de solidariedade", em uma nova ofensiva para ajudar o Brasil a atravessar a pior fase da pandemia. Outra quer atos mais práticos, como a mudança na regra para a compra de vacinas pela iniciativa privada e benefícios em impostos.
"Sem entendimento e pacificação, não vamos a lugar nenhum. A vacina é importante. Mas tem de esperar", diz Trabuco, do Bradesco. De acordo com ele, o que é possível fazer agora é "trabalhar para ter leitos e insumos hospitalares". Nos encontros, médicos fizeram depoimentos preocupantes quanto à carência dos hospitais para receber as pessoas diagnosticadas com covid-19 e em situação mais grave.
"As reuniões são boas, teve ontem (domingi, 21), terá amanhã (quarta, 24), no sentido de buscar diálogo para encontrar soluções. As pessoas têm de entender que a crise de saúde já está explicitada, agora, trata-se de uma crise humanitária", afirmou Trabuco.
<b>Benefício fiscal</b>
Já o presidente do conselho de administração do grupo Guararapes, dono da varejista de moda Riachuelo, Flávio Rocha, disse que, entre as medidas discutidas com os chefes do Legislativo, estava uma contrapartida para a oferta de leitos para tratamento da covid-19. "As empresas poderiam doar leitos e abater parte do valor do Imposto de Renda", afirma.
Lira e Pacheco prometeram aos empresários que o Congresso vai estudar medidas para agilizar a importação de insumos e produtos farmacêuticos de forma geral, em meio à carência nos hospitais e a lotação dos leitos Brasil afora.
Pacheco disse, conforme um dos presentes, que a "fase de negacionismo" já passou. "Ser negacionista hoje é macabro e fúnebre", afirmou o presidente do Senado, relatou a fonte.
Os encontros de banqueiros e empresários com Lira e Pacheco ocorrem um dia após um quórum parecido participar de um encontro virtual com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Na conversa, que durou quase quatro horas, o "Posto Ipiranga", como é chamado pelo presidente Bolsonaro, foi cobrado, principalmente, por vacinas.
Hoje, uma nova reunião para tratar da pandemia no País está agendada. Desta vez, o encontro será com os chefes dos Poderes. Entre os presentes, estão previstos o presidente Jair Bolsonaro, Pacheco, Lira, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), além de governadores.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>