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Em Copa do Mundo organizada pelo Vaticano, seleção tem sacerdote chamado Neimar

Neimar sabe que tem uma responsabilidade extra. Além de ser o principal criador do Brasil em campo e capitão da equipe, é também seu principal astro fora dele. Mas não se trata do craque do Barcelona. Dom Neimar é, na realidade, o nome do padre brasileiro que faz parte do time do Colégio Pio Brasileiro, em Roma, no torneio de futebol para sacerdotes.

A equipe participa da 11ª Clericus Cup, a Copa do Mundo dos sacerdotes. O campeonato é organizado pelo próprio Vaticano.

Neste domingo, 26, mesmo perdendo, o time de Dom Neimar garantiu vaga nas quartas de final do torneio, ao se classificar em segundo lugar no grupo D. Eles foram derrotados por 3 a 0, em um jogo contra os atuais “campeões mundiais”, o Mater Ecclesiae de Roma.

Mas em conversa por telefone com a reportagem após a partida, Dom Neimar não parecia desanimado. “Foi um jogo muito lindo. Perdemos de 3 a 0 por conta de três erros nossos. Mas foi uma grande festa e estamos classificados”, contou.

No total, dos seis jogos já disputados, os brasileiros saíram derrotados em apenas um. “Foram três vitórias e dois empates. Uma boa campanha”, comentou Dom Neimar, de 34 anos – quase dez anos a mais que “o outro Neymar”, como ele próprio faz questão de lembrar.

“Foi ele quem copiou meu nome”, disse o capitão do time de amarelo.
Padre na fronteira entre Brasil e Paraguai, Neimar Aloísio Troes se mudou para Roma em outubro do ano passado para ampliar seus conhecimentos na Igreja. Mas nunca deixou o futebol de lado. “Nunca fui um craque. Mas tecnicamente era bom e, claro, muito esforçado”, contou.

Neimar ainda se diverte com a atenção que sua presença tem gerado. “Estou dando entrevista até para televisões alemãs. Bem bacana”, comentou, surpreso com o sucesso. Até agora, o time brasileiro não foi campeão. A melhor colocação foi um terceiro lugar em 2010.

Segundo Neimar, a derrota de ontem pode ser explicada pela idade dos adversários. “São todos seminaristas. Correm muito”, comentou. Nem “São Carlos” no gol do Brasil foi capaz de parar os favoritos. Na realidade, trata-se do padre Carlos Gomes. O goleiro, que chegou a jogar pelo time do Goiás, tem sido destaque na campanha.

No total, 18 times começaram a competição. Entre os participantes, estavam equipes da França, Espanha, Estados Unidos e Ucrânia.
De acordo com os organizadores, o tempo de cada partida foi reduzido por conta das “condições físicas” dos jogadores. “São padres, afinal de contas”, justificou um dos responsáveis pelo torneio, Felice Alborghetti. No total, a partida dura apenas uma hora.

O torneio foi criado por uma iniciativa do polêmico ex-secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone, amante declarado do futebol e que já chegou a ser comentarista de jogo em rádios em Gênova.

Disputa cristã

Oficialmente, a meta do torneio é a de “revigorar a tradição do esporte na comunidade cristã” e não é raro ver cardeais nas arquibancadas. Nas edições passadas, o Vaticano conseguiu locais “nobres” para o torneio, com jogos de abertura e de encerramento no estádio de Marni, em Roma, que sediou os Jogos Olímpicos de 1960. Uma das partidas chegou a ter Stefano Farina como árbitro, hoje aposentado, que atuou pela Fifa por vários anos.

Uma das maiores diferenças em relação às regras da Fifa é a inexistência do cartão vermelho. No lugar, há o cartão azul, ironizado como o “cartão do pecado”. Ele é mostrado todas as vezes que um jogador atua de forma “inadequada”. A penalidade é a de sentar no banco de reservas por oito minuto e talvez aproveitar para confessar seus pecados em campo.

Para chegar à final, marcada para o dia 27 de maio, o Brasil ainda precisa superar as quartas e a semi. O próximo adversário ainda será definido em sorteio.

Homenagem

Uma das equipes, a Chape Cusmano Belga, joga esta edição com as cores da Chapecoense. A ideia é homenagear a equipe de Santa Catarina, após o acidente de avião com a delegação do clube em novembro, que deixou 71 mortos.

A Chape Cusmano Belga, que já foi eliminada, foi treinada pelo padre brasileiro Adenis de Oliveira. Ele é secretário-geral dos Missionários Servos dos Pobres e pároco de Pisana, na Itália.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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