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Em crise financeira, IML do Rio demora 2 dias para liberar corpo

A crise financeira do governo do Estado do Rio chegou ao Instituto Médico-Legal (IML), que tem demorado até dois dias para liberar os corpos, provocando fila de carros de funerárias na frente do local, no centro da capital. De acordo com peritos, o motivo da demora é o número reduzido de legistas da Polícia Civil que estão trabalhado. Parte deles não aceitou o parcelamento do 13.º salário dos servidores do Executivo, em cinco vezes.

Na tarde de ontem, havia seis carros de funerárias parados na frente do IML à espera da liberação de corpos. Os motoristas aguardavam até 4 horas para serem chamados. “Só tem um policial trabalhando na liberação, por isso a demora. Normalmente, são três. Até levei bronca do cemitério por ter atrasado um enterro, na terça-feira”, disse o funcionário de uma funerária que não quis ser identificado.

Os servidores da área administrativa, terceirizados pela empresa Prol, estão com salários atrasados e não trabalharam ontem. “Cheguei e não tinha nem recepcionista. Já se passaram 24 horas e eu não consegui a liberação do corpo do meu irmão. Funcionários dizem que há muitos corpos lá dentro”, queixou-se o analista de sistemas Igor Salgado, de 54 anos.

Ontem, funcionários denunciaram que uma câmara usada para manter os corpos refrigerados está estragada, provocando acúmulo de cadáveres. O corpo de Neuza Ferreira Monteiro, de 74 anos, foi recolhido pelo IML na casa dela, na noite de anteontem. Mas foi liberado somente às 14h30 de ontem, mesmo com o enterro marcado para as 15h15. “Passei o dia aqui e não consegui retirar o corpo da minha mãe. Agora passo mais um dia nessa agonia, para fazer o enterro. Não vai dar para velar o corpo”, reclamou a filha de Neuza, a projetista de elétrica Cláudia Monteiro, de 50 anos.

A certidão de óbito de Neuza não aponta a razão pela qual ela morreu. De acordo com o documento, a causa da morte é indeterminada por causa do avançado estado de decomposição do corpo. Para Cláudia, essa situação se deve à demora nos procedimentos do IML. “Eu não posso pagar pela crise, ainda mais na data em que perco minha mãe. Eles (IML) deveriam me dizer pelo menos o motivo da morte”, afirmou Cláudia.

Segundo a Polícia Civil, órgão ao qual o IML está vinculado, o corpo de Neuza chegou em estado de putrefação para passar pela necropsia. E acrescentou que a causa indeterminada significa que a morte foi natural. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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