O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral reconheceu em depoimento à Justiça a prática de caixa 2 em suas campanhas eleitorais. Cabral é interrogado na manhã desta segunda-feira pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio.
“Reitero e reconheço na política brasileira a existência de caixa 2. Houve doações legais feitas por empresas na minha campanha e tinha doações por caixa 2”, contou Cabral. “Estou praticamente há 8 meses presos e vejo essa discussão sobre caixa 2 na política. Esse é um fato que existe no Brasil há décadas”, completou.
O ex-governador, entretanto, disse que não reconhecia valores pagos pelas empresas citadas por seu ex-assessor Ary Ferreira da Costa Filho, que disse ter estado na sede do supermercado Prezunic e da cervejaria Itaipava para acompanhar o recolhimento de pagamentos de caixa 2 em espécie que somavam mais de R$ 5 milhões de cada uma das empresas em cada uma das visitas.
“Eu me lembro do Prezunic e da Itaipava me apoiando em campanhas eleitorais. Não lembro dos valores. Mas nunca houve nenhum tipo de contrapartida”, declarou Cabral, afirmando que as empresas mencionadas nos processos envolvendo seu nome nunca tiveram nenhum privilégio.
O político reconheceu que entregou sobras de campanha a Costa Filho, mas que foram muito menores que os valores informados pelo ex-assessor à Justiça. Costa Filho contou nesta segunda-feira em depoimento à Justiça que recebeu entre R$ 9 e R$ 10 milhões de sobras de campanha do PMDB.
“Não reconheço esse valor. Esporadicamente, após a campanha, (pode ter sido feito) algum tipo de pagamento de sobras de campanha, mas esse valor eu não reconheço. Talvez menos de 5% desse valor”, afirmou o ex-governador.