O delegado da Polícia Civil de Minas Gerais Wagner Pinto de Souza depõe nesta quarta-feira, 4, como testemunha de acusação no julgamento do fazendeiro e ex-prefeito Antério Mânica, apontado em denúncia do Ministério Público Federal como um dos mandantes da chacina de Unaí, no Noroeste de Minas.
Wagner foi responsável por parte das investigações dos assassinatos, ocorridos em 28 de janeiro de 2004. A Polícia Federal também apurou os homicídios.
Na chacina foram mortos três fiscais e um motorista do Ministério Público do Trabalho e Emprego, que trabalhavam na zona rural de Unaí em auditorias de fazendas, inclusive pertencentes à família Mânica, suspeitas de contratarem trabalhadores irregularmente.
Segundo o delegado, a presença de um veículo Fiat Marea, que pertenceria a Mânica, próximo a um posto de gasolina na noite anterior à chacina, onde houve encontro entre os pistoleiros contratados para os assassinatos e José Alberto Castro, é uma das provas da participação de Antério nas mortes.
José Alberto foi condenado a 96 anos de prisão na semana passada. Outra prova, conforme o delegado, seria ligação telefônica de Antério para o escritório do Ministério do Trabalho em Paracatu, cidade próxima a Unaí, onde funcionava o escritório regional da pasta, querendo informações sobre os fiscais e do motorista.
O telefonema ocorreu em horário próximo ao dos assassinatos, que aconteceram por volta das 9h.
“Os dois elementos (telefonema e o Marea) são importantíssimos na investigação”, afirmou o delegado, durante o depoimento.
Apesar da participação do delegado nas apurações, a maior parte da investigação da chacina foi feita pela Polícia Federal, por envolver servidores do Ministério do Trabalho. Integrantes da corporação devem depor ainda hoje também como testemunhas de acusação.
O júri do julgamento de Antério Mânica é formado por seis mulheres e um homem. Ao todo serão ouvidas 16 testemunhas de acusação e seis de defesa. A expectativa é que o julgamento termine na sexta-feira, dia 6.