Economia

Em dia de Brexit, taxas curtas fecham em queda e longas, em leve alta

Os juros futuros fecharam do dia do Brexit em queda nos contratos de curto e médio prazos e leve alta nos longos, contrariando a percepção de que a opção dos britânicos por deixar de fazer parte da União Europeia traria uma forte aversão ao risco na curva. Após o estresse inicial em reação à decisão na abertura dos negócios, que puxou fortemente para cima as principais taxas, o avanço começou a perder força ainda pela manhã. Prevaleceu a leitura de que o resultado das urnas trará risco ao crescimento das economias centrais e, com isso, suas políticas monetárias terão de ficar amplamente acomodatícias. O Federal Reserve, por exemplo, deve adiar a decisão de elevar sua taxa.

Ao término da negociação regular, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2017 encerrou na mínima de 13,690%, ante 13,740% no ajuste de ontem, com 202.360 contratos. O DI janeiro de 2018 (270.970 contratos) fechou em 12,64%, de 12,66% ontem. O DI janeiro de 2019, que movimentou 210.325 contratos, ficou estável em 12,39%. O DI janeiro de 2021 (143.385 contratos) encerrou com taxa de 12,44%, ante 12,41% no último ajuste.

Em decisão histórica, a opção “sair” venceu por uma margem apertada, de 51,9%, num plebiscito de comparecimento elevado, 72,9%, entre os cerca de 46,5 milhões de eleitores registrados para a votação. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, favorável à permanência do Reino Unido na UE, anunciou que deixará o cargo em outubro. Para o Instituto Internacional de Finanças (IIF), o Brexit será um “entrave para o crescimento da economia mundial e o emprego no longo prazo”, principalmente para o Reino Unido.

“A resposta dos BCs será ter uma postura mais dovish”, resumiu o economista da Saga Capital, William Michon Jr. para explicar a reação moderada do mercado de renda fixa. Dado o elevado nível do juro brasileiro, os ativos locais devem ficar atrativos ao fluxo externo, favorecendo o câmbio e, indiretamente, abrindo espaço para a flexibilização da Selic no curto prazo. Essa percepção é amparada pela expectativa positiva em relação à equipe econômica do governo Temer, que, na visão dos analistas, conseguiu avanços nas últimas semanas em relação à área fiscal.

Em entrevista a vários jornais, o presidente em exercício, Michel Temer, disse que “espera” que haja redução dos juros até o fim do ano, para “animar a economia”, justificando que além de isso ter um “efeito concreto”, tem também o “efeito psicológico”. Temer pediu que se grifasse a palavra “espera” na afirmação, justificando que esse processo de diminuição das taxas deve ser feito de forma “responsável”.

Do mesmo modo, a alta do dólar ante o real foi contida, com a moeda tendo permanecido abaixo de R$ 3,40 durante a maior parte da sessão. O dólar à vista subia 0,94%, a R$ 3,3733.

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