Estadão

Em dia de correção no petróleo, Ibovespa tem leve alta de 0,06%, a 98,2 mil

Vindo de duas perdas, a de ontem na casa de 2%, o Ibovespa ensaiou recuperação discreta em boa parte da sessão, mas acabou cedendo à piora em Nova York no fim da tarde. Hoje, oscilou entre 97.253,19 e 98.736,56, saindo de abertura aos 98.212,46 pontos, e fechou bem perto da estabilidade (+0,06%), a 98.271,21 pontos. No fim da tarde, chegou a oscilar para o negativo enquanto as perdas do S&P 500 e Nasdaq, nas mínimas do dia, superavam 1%.

Assim, abaixo dos 98 mil pontos, chegou a flertar com a renovação do menor nível de fechamento do ano, do último dia 23 (98.080,34) – também o pior desde 4 de novembro de 2020, então aos 97.866,81. Ainda fraco, o giro ficou em R$ 19,6 bilhões na sessão. No mês, o Ibovespa segue em terreno negativo (-0,27%), com retração no ano a 6,25% – na semana, cede agora 2,01%.

Ao longo do dia, a forte correção nos preços do petróleo impediu que o Ibovespa fosse muito longe, mesmo nos melhores momentos da sessão. Tanto o Brent como o WTI foram negociados abaixo dos três dígitos nesta terça-feira, em meio a persistentes sinais de que uma recessão global esteja em aproximação, o que, por sua vez, continua a apoiar a fuga para segurança no dólar, com o qual as commodities costumam manter correlação negativa.

Aqui, a moeda americana fechou o dia em alta de 1,27%, a R$ 5,4391, tendo chegado a R$ 5,4431 no pico da sessão. O índice DXY, que contrapõe o dólar a uma cesta de referências como euro, iene e libra, operou perto da estabilidade nesta terça-feira, chegando a oscilar para o negativo, mas ainda em patamar muito alto, em torno dos 108 pontos.

A correção do petróleo, acentuada pela indicação da Opep de que manterá a oferta, refletiu-se nas ações de Petrobras (ON -1,96%, PN -1,50%), com Vale ON (+0,30%) tendo chegado também a oscilar para o negativo no começo da tarde, em sessão sem sinal único para os setores de siderurgia (Gerdau PN +0,78%, CSN ON -0,35%) e de bancos (Bradesco PN +0,41%, Itaú PN -0,22%). No fechamento na ICE, o Brent para setembro mostrava queda de 7,11%, o equivalente a US$ 7,61, a US$ 99,49 por barril.

Mais cedo, moderada recuperação do Ibovespa era favorecida pela busca de descontos em ações muito amassadas no ano, como as de varejo. Na ponta do Ibovespa, Magazine Luiza fechou em alta de 11,41%, à frente de Via (+9,44%) e de Americanas ON (+8,26%). A sessão também foi positiva para outro setor descontado, o de companhias aéreas, favorecido na sessão pelo recuo do petróleo – destaque para Azul, em alta de 7,73% no fechamento. Na ponta oposta, 3R Petroleum cedeu 6,46%, SLC Agrícola, 6,19%, e Pão de Açúcar, 3,42%.

"O cenário global está muito complicado e o Brasil, como de costume, não se ajuda", avalia em relatório a equipe de gestão da Verde Asset, do gestor Luis Stuhlberger. "O real se desvalorizou de maneira importante, as taxas de juros se mantêm pressionadas, mas os políticos continuam numa espécie de metaverso brasiliense, onde o populismo é moeda corrente e a única coisa que importa é a eleição", aponta a carta de gestão do fundo multimercados Verde FIC FIM. No mês de junho, o desempenho do multimercados foi de -1,86%, enquanto o acumulado do ano é de ganhos de 7,59%.

"Como a inflação nos EUA ainda está muito distante do objetivo de 2% a.a., os mercados globais devem continuar pressionados por algum tempo, o que justifica uma postura ainda cautelosa nos investimentos", aponta por sua vez em carta mensal a Persevera Asset Management, observando que "o ano de 2022 vem sendo marcado por uma deterioração dos mercados globais, que se acelerou no segundo trimestre".

"A normalização das cadeias produtivas deverá continuar a acontecer gradativamente, enquanto a demanda deverá ser reduzida pela retirada de estímulos fiscais e monetários. Restará, ainda assim, a incerteza em relação à continuidade da guerra na Europa e das sanções à Rússia. Quanto mais prolongadas forem as sanções, maior será a desaceleração econômica necessária para reduzir a inflação, e mais profundas poderão ser as perdas dos ativos financeiros", acrescenta a casa.

Nas últimas sessões, "além de preocupações sobre uma potencial recessão nos Estados Unidos e em mercados desenvolvidos, receios da volta de lockdowns na China diante de novo aumento de casos de covid-19 no país acabaram impulsionando a aversão a risco", observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. "O medo de uma economia global andando de lado e uma China que cresce menos derrubou também os preços das commodities, o que pesa no Ibovespa, que tem cerca de 36% da sua composição ligada a materiais básicos", acrescenta.

Tags
Posso ajudar?