Gustavo Henric Costa, o Guti, terá no dia 1º de janeiro de 2017, dia em que assumirá a segunda maior cidade do Estado de São Paulo, 32 anos de idade, que completará dois dias antes. Eleito prefeito no último 30 de outubro com 83,5% dos votos válidos, já pode ser considerado o novo “cara” de Guarulhos.
Com idéias novas, em nome do que chama de “nova política”, prega um jeito diferente de fazer política, buscando fazer o mais por muito menos. Nesta entrevista concedida ao GuarulhosWeb, o mais jovem prefeito da história de Guarulhos, que neste dia 8 de dezembro, completa 456 anos de fundação, Guti conta um pouco do que pretende realizar para levar Guarulhos para cima, o tema desta edição especial.
GUARULHOSWEB – Guti, quando você imaginou que um dia poderia ser prefeito de Guarulhos?
Guti – Desde cedo eu já sabia que queria entrar na política. Eu sempre quis fazer o bem e ajudar as pessoas. E enxerguei que a melhor maneira de você conseguir fazer o bem em larga escala seria através da política. A partir daí, com 10, 12 anos, passei a estudar a política assistindo debates, fazia anotações, assistia o horário político e analisava os
planos dos candidatos. Sempre estudei muito para tentar fazer a diferença mesmo. Participei das eleições do diretório acadêmico da faculdade de Direito. Chegando no parlamento, pude entender que no Executivo você poderia fazer muito mais. Trabalhei com muita força e foco para ter chance real de vencer. E tudo foi acontecendo.
No próximo dia 1º, você assume como prefeito de Guarulhos. Qual será o seu primeiro ato?
Guti – O primeiro ato será enxugar a máquina pública, que tem um gasto alto. E como eu falei na campanha, vamos enxugar no mínimo 30% e creio que dá até um pouco mais. Já estamos buscando alternativas para fazer auditoria nos contratos. Ou seja, a gente tem que enxugar os gastos públicos seja com pessoas ou com contratos. Isso mostra que realmente queremos fazer alguma coisa. E tem a questão da zeladoria da cidade, que já estamos pensando em um plano para conseguir tapar os buracos e melhorar a iluminação pública. Esses gargalos que a população sente na hora, além de estratégias para começar a mudar a nossa saúde. Porém, não conseguimos ter um resultado tão rápido, até porque precisa plantar no começo para ter um ótimo resultado a longo prazo.
Você falou que precisa de pelo menos 100 dias para poder começar a ser cobrado. Como será isso?
Guti – Nós estamos definindo junto à nossa equipe de transição, além de estar conhecendo toda máquina pública, os débitos e os créditos que ela tem, para que a gente possa escalonar uma meta para os próximos cem dias para que a gente possa ter um extrato e comece a executar o nosso plano de governo. O enxugamento da máquina está no nosso plano de governo e conseguimos mostrar nestes cem dias. Então, são sinalizações que podemos mostrar à população que as coisas estão avançando. A gente sempre disse em nossa campanha que vamos terminar as obras que já existem para depois pensar em novas obras.
O tema desta edição especial é “Guarulhos para cima”. Como você acredita que poderá ajudar a levantar Guarulhos nestes quatro anos? Como você acredita que será a comemoração dos 460 anos da cidade?
Guti – Existem dois grandes focos. Queremos entregar uma saúde muito melhor e hospitais que atendam. Que os pacientes se sintam acolhidos, até porque hoje os nossos parecem hospitais especializados em atendimento de guerra, com macas pelos corredores, gente mal acomodada. Eu considero uma grande vitória conquistar isso e vou trabalhar muito para que tenhamos hospitais, UBSs e UPAs, que funcionem. A empregabilidade é outro fator que a gente sofre. Precisamos ir atrás de novos investimentos para a cidade. Eu sempre cito o centro de detenções e já estamos falando com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) para que a gente consiga tirar os centros de detenções daqui e fazer um centro de exposições no lugar. Dessa forma vamos conseguir trazer recursos. A gente tem que fomentar a economia local e essa é uma das vias.
Como será a formação de seu primeiro escalão? Como ficará o desenho de sua administração?
Guti – Hoje temos entre secretarias e coordenadorias 32 pastas. Nós pensamos em reduzir bastante e no mínimo 30%. Já estamos desenhando e não está 100% definido. Já temos um grande esboço daquilo que a gente pretende e 70% dos nomes praticamente definidos.
Até aqui você indicou secretários com perfil técnico. Vai manter esta linha?
Guti – As pessoas que estiverem no comando precisam ter comprometimento. Se for técnico vai ajudar bastante, mas se houver o comprometimento e trabalhar 24 horas é o primeiro aspecto que destaco para estar no nosso primeiro escalão. Lógico que não podemos ser irresponsáveis em querer também fomentar a nova política a todo custo e a Câmara se fechar. A gente quer aliar também com o resultado e vou começar a dialogar com os vereadores para mostrar o que a gente pretende e defende. Numa primeira conversa, eu disse que sou favorável às emendas parlamentares e esse também é um novo jeito de fazer política. Eu quero chamar o Legislativo para ter participação efetiva para que entre em sintonia com o Executivo. É natural, que se alguns partidos tiverem em seus quadros profissionais técnicos para indicar, tudo bem, mas cabidaço não vai existir. Tem que ser pessoas que trabalhem e entendam da coisa.
Como você enxerga a possível privatização de alguns setores da administração pública, a exemplo do que vem anunciando o prefeito eleito de São Paulo, João Dória Junior (PSDB)?
Guti – Nós precisamos pensar em novas formas de arrecadação e de ter recurso. Aumentar imposto pra mim é impensável e não podemos aumentar imposto a torto e a direito. Agora precisamos ter novas formas de arrecadação e isso é uma delas. Precisamos aumentar a exposição de marketing dentro e fora dos ônibus, que as empresas consigam fomentar a economia local e que gerem mais empregos e novos serviços. Novos modais para novas fontes de recursos. Não queremos ter veículos oficiais para o 1º e o 2º escalão. Vamos transferir os carros para a GCM e que vire viatura. Se não for compatível, podemos vender.
Como você enxerga a possibilidade de vender áreas públicas?
Guti – Se for uma área pública que não gere vantagem para a Prefeitura ou que contemplem algum projeto dentro do município não vejo problema em vender. O mais adequado é sempre a permuta. Vamos cobrar também os grandes devedores de impostos, que possuem grandes áreas e a gente sabe que a lei se executada acabam sendo incorporadas, de acordo com o tamanho da dívida, como patrimônio do município e vamos executar os grandes devedores.
Por que existem esses grandes devedores? É por causa da omissão ou incompetência da adminsitração?
Guti – A Prefeitura tem um problema na máquina arrecadadora. Ela não é profissional e não se profissionalizou. Isso pode ocorrer porque não se capacitou ou por tamanho de equipe. A nossa ideia é ter uma equipe que faça somente isso e consiga cobrar efetivamente os grandes devedores. Por isso que sugerimos a securitização, por que dependendo da forma como se faça, acredito ser um bom projeto. A gente tem que preservar os pequenos devedores e aqueles que querem pagar. Tem que ser bem estudado, mas a securitização seria muito boa para cobrar os grandes devedores.
O que você pretende fazer com a Proguaru?
Guti – Primeiro de tudo é o enxugamento e devolver a ela o escopo inicial de fomentar o avanço da cidade, principalmente nas questões de zeladoria, a qual enxergo a Proguaru neste sentido. Na minha visão, a Proguaru não pode absorver obras vultuosas e de grandes números por não ter condições para isso. Seria uma empresa para coibir essas coisas que atrapalham o cotidiano do guarulhense e com o enxugamento ela consegue ser superavitária.
E quais os planos para o Saae?
Guti – O Saae bem trabalhado dá para ser superavitário e não tenho dúvida disso. Hoje a gente recebe muito menos água do que a gente pode receber. A água é o produto que te faz a renda do Saae e recebendo muito menos água, você tem menos recurso para pagar a Sabesp. Hoje é isso que acontece. Primeiro precisamos renegociar com a Sabesp para que a gente consiga receber a quantidade exata de água que possamos receber e consequentemente distribuir melhor essa água. A partir daí, tendo receita a gente consegue pagar a dívida, mas a gente começa a ter recurso para saldar de verdade essa dívida e investir.