O presidente Jair Bolsonaro (PL) apelou para o discurso do medo da volta do Partido dos Trabalhadores ao poder durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta quarta-feira, 29. Em pré-campanha à reeleição, o chefe do Executivo tenta manter o apoio do empresariado, uma das bases do voto que levou ao Palácio do Planalto em 2018. Ainda durante discurso no evento, Bolsonaro voltou a dirigir críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF).
O presidente disse que o Brasil sofre "ameaça de mudar de cor", em referência ao vermelho da bandeira do PT, cujo pré-candidato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, lidera com vantagem as pesquisas de intenção de voto. Ele voltou a afirmar que o País pode se tornar uma Venezuela com a volta da sigla e acusou Lula de querer interferir na política de preços da Petrobras.
"Nós vemos que um lado defende voltar a ter relações com Cuba, ao BNDES voltar a emprestar para outros países, ditaduras. O outro lado acha que deve haver interferência direta na Petrobras, no preço dos combustíveis. Tivemos cuidado com privatizações outras de modo que não coloquem em risco o Brasil", disse. Apesar de falar sobre uma possível interferência de Lula na estatal, o presidente também tem feito mudanças no comando da empresa e pressionado pela diminuição na quantidade de reajustes do preço dos combustíveis. A alta de preços da gasolina e do diesel é um dos principais responsáveis pela escalada da inflação, fator que mais preocupa a equipe de campanha do presidente.
"Qual país tem a maior reserva de petróleo do mundo? A Venezuela. Acredito que ninguém queira ir para lá, nem para trabalhar nem para tirar de férias. Como chegaram a essa situação?"
Bolsonaro voltou a falar também na pauta de costumes. "Cada um tem o direito de levar a vida como bem entender. Agora, impor ideologia de gênero nas escolas, querendo sexualizar crianças a partir de 5 anos de idade? Isso é um crime, não podemos admitir isso daí. Também se fala em liberar drogas. Vamos para os EUA, vejam o que aconteceu."
O presidente ainda pediu que representantes da indústria conduzam "o Brasil para o destino certo" e que está "disposto a abrir mão de poder"
<b>STF</b>
Ao fazer novas críticas ao STF, Bolsonaro insinuou que a Corte quer aprovar o aborto e reclamou de ativismo judicial do Tribunal.
"Há poucos dias, o ministro Barroso disse que não existe clima no Brasil para discutir o aborto. Não precisa do Parlamento para aprovar o aborto, precisa apenas do STF. Aqui, talvez o Barroso tenha falado que não tem clima ainda porque ele espera que, caso Lula seja eleito, colocar mais dois com esse perfil no STF, e eles passam a legislar lá de dentro", disse.
"Ativismo judicial existe no Brasil e a gente lamenta. Medidas dentro do Legislativo sofrem interferência do Judiciário. Queremos Três Poderes livres, harmônicos e independentes, todos no seu quadrado e todos dentro das quatro linhas da Constituição", arrematou.