Por muito tempo a Escola Estadual Professor Fabio Fanucchi, no Jardim Vila Galvão, era considerada um local violento. A má fama fez com que a procura por vagas caísse. Com as desistências e a baixa procura, chegou a ser estudada a possibilidade de fechamento da unidade. Há dois anos, quando a nova diretora Kelly Aparecida Esteves de Carvalho, assumiu o cargo, o objetivo era quebrar esse estereótipo e mostrar aos pais e alunos que o ensino público pode ser exemplar e de qualidade.
Atualmente a Fanucchi é uma das duas únicas escolas na cidade em que as aulas do ensino médio são integrais, ou seja, os estudantes passam o dia inteiro estudando. Este projeto teve início após um estudo onde foi possível avaliar a demanda de alunos e suas necessidades.
“A escola está em uma ótima localização, mas os alunos ao redor estudam em sua grande maioria em outros bairros ou em escolas particulares. Com a implantação do ensino médio integral foi possível atender seis comunidades ao nosso redor”, explicou a diretora. Por se tratar de um método diferenciado, foi preciso divulgar a novidades em outras unidades de ensino. A aceitação foi positiva principalmente entre os pais que apoiaram a ideia.
Muitos alunos da escola permaneceram e algumas vagas foram preenchidas por estudantes de outras unidades. Todos passaram por um acolhimento juntos com o objetivo de integração ao novo projeto.
MUDANÇAS EFETIVAS
As mudanças foram sentidas por todos dentro da escola. “Estamos todos em fase de adaptação, é um modelo novo, diferente de tudo que todos estavam acostumados, mas desde 2015 eu venho conversando com os alunos e estamos nos adaptando aos poucos”, explicou.
Além da base do ensino médio, aplicada em todo o Estado, os alunos também têm aulas voltadas para a graduação e o mercado de trabalho. O método é aplicado com aulas teóricas e práticas que estimulam a convivência com a profissão escolhida por cada aluno chamada “Projeto de Vida”. Durante sua formação o aluno pode desenvolver habilidade ou até mesmo mudar de opinião conforme o contato com as áreas profissionais.
“Eu quero fazer faculdade de Tecnologia da Informação, sempre tive isso em mente, mas aqui eu pude me aprofundar e já sei que é isso que eu quero”, explicou um aluno do 3º ano. Além disso, os alunos podem participar de “Clubes Juvenis”, onde outras habilidades podem ser estimuladas, como música, artes e raciocínio lógico.
As aulas têm início às 7h e se encerram às 16h30, com três refeições. Os 25 minutos finais são reservados para tutorias com professores. “A tutoria ajuda muito, porque se nós temos uma prova e não fazemos ideia de como começar a estudar, nós vamos até lá e o professor ajuda dando dicas, ensinando como grifar as partes mais importantes e motivando”, contou uma aluna do 2º ano.
Os professores trabalham 40 horas semanais e têm dedicação total as atividades da escola. Em todo o Estado 96 escolas fazem parte do projeto. Em Guarulhos as duas primeiras unidades a receber o novo método são a Escola Estadual Professor Fabio Fanucchi, no Jardim Vila Galvão, e a Escola Estadual Dom Paulo Rolim Loureiro,
Segundo alguns alunos contaram,o primeiro impacto sobre o ensino médio integral foi: “passar o dia todo na escola? O que eu vou ficar fazendo por lá”. Dois meses depois do início das aulas, o discurso mudou. Um aluno do 3º colegial contou que se sente bem na escola. “Eu faço atividade o dia todo, quando eu conto para ex-alunos o que eu faço aqui eles não acreditam em mim”.
Esta é a sensação dos demais alunos entrevistados. “Antes eu falava que estudava aqui e as pessoas perguntavam: ‘Por que?’. Hoje eu falo para todo mundo com orgulho, que o ensino é muito bom e que eles precisam vir para cá”.
Um dos alunos do 2º ano, integrante do grêmio da escola, explicou que antigamente as faltas e o desrespeito com o professor eram habituais. Segundo o aluno, o comportamento de professores e estudantes mudou. Em caso de ausência de um professor, por exemplo, outro profissional da mesma área assume a turma e aplica exercícios pertinentes a matéria.
