Como em um jogo de cartas marcadas, hoje qualquer pessoa mais próxima do mundo político de Guarulhos arriscaria como certo o nome de Eduardo Soltur (PV) como o futuro presidente da Câmara, na eleição que deve ocorrer na segunda quizena de dezembro. Isso porque o parlamentar, que já exerceu por um mandato o cargo de deputado estadual, já fez todas as costuras necessárias junto aos demais vereadores no sentido de assumir o lugar que atualmente é de Alan Neto (PSC).
Como tem ótimo trânsito junto à administração municipal, compondo – desde o início da atual legislatura – a base de sustenção do prefeito Sebastião Almeida (PT), na Casa, Soltur teria seu caminho mais do que facilitado, já que – em tese – não ofereceria qualquer risco aos interesses do Bom Clima. Nunca é demais lembrar que o chefe do Executivo bateu de frente com o presidente Alan Neto em várias oportunidades. Tanto que ele acabou sendo taxado como um dos principais nomes da oposição na cidade. O estrago para a administração só não foi maior porque Alan se deu mal em sua candidatura a deputado estadual, quando não conseguiu se eleger.
Porém, apesar de ser mais do que favorito na disputa, Soltur pode não ter uma vitória tão fácil como se imagina. Por um simples detalhe. Nos trabalhos de bastidores, em busca de garantir a preferência de quase totalidade dos parlamentares, unindo situação e oposição, os simpáticos à candidatura Soltur cometeram uma falha: não deixaram cargo algum na Mesa Diretora ou na presidência das principais comissões para nomes do PT. Esse “detalhe” não agradou em nada aos governistas, que já ameaçam entrar em campo para reverter o jogo.
Nunca é demais lembrar que, caso Almeida entre na briga por uma composição diferente da já desenhada, os destinos da Câmara Municipal podem ser outros. Pelo lado do PT, o vereador Edmilson Souza já se apresentou como candidato. Por mais que suas chances sejam pequenas, já que – por mais que o governo tenha ampla maioria na Casa – dificilmente os parlamentares permitiriam que o partido o prefeito tomasse conta dos poderes Executivo e Legislativo ao mesmo tempo.
Mesmo assim, nunca se pode descartar o aparecimento de um terceiro nome, que poderia vir a agradar gregos e troianos, principalmente se tiver na composição da Mesa Diretora um grupo mais palatar ao prefeito. Neste caso, o maior problema será encontrar esse nome. Apesar da importância que o cargo tem, ser presidente da Câmara, numa análise mais profunda, não tem sido um caminho muito interessante para quem tem objetivos maiores na política.
Com exceção de Ulisses Correia (PT), todos os últimos presidentes da Câmara Municipal de Guarulhos naufragaram em suas pretensões políticas posteriores. Sebastião Alemão, Gilberto Penido, Paulo Carvalho e, por último, Alan Neto, foram reprovados nas urnas após exercerem a presidência da Casa, no que já é chamado no meio político local de “maldição da cadeira”.