Em seu último compromisso antes de deixar a Itália, o presidente da República, Jair Bolsonaro, participou na manhã desta terça-feira, 2, em Pistoia, de cerimônia em memória dos soldados brasileiros falecidos na Segunda Guerra Mundial, os chamados "pracinhas". Desde 1967, a cidade abriga um monumento no cemitério San Rocco, em que 462 soldados e oficiais brasileiros mortos foram enterrados no final da guerra. O evento contou ainda com a presença do senador da ultradireita italiana Matteo Salvini, que é apoiador de Bolsonaro.
Assim como ocorreu em outras cidades italianas, Bolsonaro foi recebido em Pistoia por manifestantes contrários e apoiadores. Um pequeno grupo de simpatizantes deu as boas-vindas ao presidente brasileiro no monumento, enquanto cerca de 300 pessoas se reuniram no centro da cidade para protestar contra ele.
O senador italiano lamentou as manifestações contra Bolsonaro.
Durante o discurso, o presidente repetiu que "a liberdade é mais importante" que "a própria vida", e se disse muito honrado em estar, pela primeira vez, visitando o país de seus antepassados. "Hoje, comemoramos aqueles que tombaram em luta por aquilo que é mais sagrado entre nós, a nossa liberdade", afirmou.
Estavam presentes no evento os ministros Walter Souza Braga Netto (Casa Civil), Carlos França (Relações Exteriores) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Depois da cerimônia, pelo Twitter, Salvini disse que a homenagem não deveria "suscitar polêmica". "Honrar os mortos, hoje em particular, não deve suscitar polêmica e por isso peço desculpas ao Brasil, cujos filhos deram vida pela liberdade do nosso país. A amizade entre nossos povos vai além das distinções políticas", escreveu.
Mais cedo, ao chegar no cemitério, o político italiano pediu desculpas ao povo brasileiro "pelas polêmicas incríveis" que ocorreram em relação à ida de Bolsonaro a Pistoia. A passagem do presidente brasileiro pelo país gerou protestos tanto em Roma quanto no interior, nas cidades de Anguillara Veneta e Pádua, onde ele esteve na segunda-feira para receber título de cidadão honorário e visitar a Basílica de Santo Antônio, respectivamente.
"Ouvi aqui a palavra gratidão. Ela tem mão dupla. Apesar de o Oceano Atlântico nos separar, nos sentimos mais que vizinhos, nós somos irmãos. Daqueles jovens que estiveram aqui nos idos de 43, 44 e 45, poucas dezenas ainda estão vivos. Mas, eles são para nós, a chama da liberdade. A todos vocês, nossos irmãos italianos, a minha continência e orgulho de estar aqui e a minha satisfação de tê-los ao nosso lado ontem, hoje e sempre. Brasil e Itália sempre juntos", disse ele ao fim do discurso.
Na tarde de segunda-feira, em Pádua, manifestantes contrários ao presidente brasileiro entraram em confronto com a polícia, que usou cassetetes, bombas de gás lacrimogêneo e disparos de jatos d água para conter o protesto, que acabou com uma mulher presa.
A tour de Bolsonaro pela Itália chega ao fim na tarde desta terça-feira. O presidente está no país desde a última sexta-feira. No fim de semana, ele participou de encontro do G20.