Se o Rio de Janeiro enfrenta uma dura crise econômica para realizar os Jogos Olímpicos de 2016, o movimento olímpico chega ao Brasil em seu melhor momento financeiro e com contratos assinados em valores inéditos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI).
No período olímpico entre 2013 e 2016, a entidade prevê o acúmulo de uma receita de aproximadamente US$ 5,5 bilhões, o maior da história da entidade. Os dados incluem os acordos comerciais e de TV assinados para os Jogos Olímpicos de inverno de 2014 em Sochi e, principalmente, os valores obtidos pelo COI graças ao evento no Brasil neste ano. Desse total, pelo menos US$ 3,7 bilhões viriam dos Jogos de 2016.
A renda será cerca de 5,8% acima do que foi atingido no período anterior: Londres, em 2012 (verão), e Vancouver, em 2010 (inverno). Naquele momento, a receita foi de US$ 5,2 bilhões. Em Atenas-2004, a receita havia sido de US$ 3 bilhões, contra US$ 3,9 bilhões em Pequim-2008.
Esses recursos vêm de contratos com multinacionais para que tenham a exclusividade de usar os símbolos olímpicos em seus produtos e em ações de marketing durante o evento.
Em 30 anos, o sistema de financiamento do COI sofreu uma revolução. Hoje, os doze patrocinadores oficiais da entidade fecharam acordos de mais de US$ 1 bilhão com a entidade. Em 30 anos, esse valor foi multiplicado por 11. Para garantir que a Olimpíada de Inverno também seja financiada, o COI exige que empresas que queiram patrocinar os Jogos de Verão também se comprometam com o evento de esportes na neve.
Uma parte substancial da receita chega através de emissoras de TV que pagam 74% da renda do COI. No período que inclui os Jogos do Rio, o valor chegou a US$ 4,1 bilhões, com 220 países e territórios envolvidos. Ao contrário do que ocorre com a Fifa, que gasta uma boa parte dos recursos de uma Copa do Mundo com salários e montando um fundo bilionário, no caso do COI fica estabelecido que 90% dos recursos obtidos são devolvidos ao esporte.
Em Sochi, por exemplo, o COI investiu US$ 833 milhões, além de usar US$ 1,3 bilhão para ajudar Londres em 2012.
IMPÉRIO – Mas a nova fase bilionária do COI também permitiu novos investimentos para a entidade. Em Lausanne, obras estão sendo realizadas para erguer uma nova sede, com 18 mil m2 e que custará US$ 160 milhões. O projeto futurista deve ser entregue até 2020 e terá espaço para 600 funcionários.
A renda tem sido de tal dimensão que o COI decidiu que vai começar a operar em breve um Canal Olímpico, que custará 490 milhões de euros até 2021. A ideia é de que, se os Jogos Olímpicos criam uma expectativa global durante 17 dias, o canal terá eventos e promoverá o movimento olímpico 24 horas por dia, 365 dias por ano.
Outra iniciativa é a ampliação, por US$ 59 milhões, do museu olímpico até 2020. Outros US$ 10 milhões foram destinados a um fundo para pesquisas na luta contra o doping, além de outro fundo de US$ 10 milhões para projetos contra a manipulação de resultados no esporte.
O alemão Thomas Bach recebe um salário anual de 225 mil euros, além de ter todas suas despesas cobertas. Ainda assim, o valor é apenas uma fração do que o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, recebeu em seu último ano no comando da entidade, com mais de US$ 3,6 milhões.
FUTURO – Os dados financeiros do COI também revelam que a entidade está em uma situação confortável para o futuro. Um marco no projeto olímpico foi o acordo assinado entre o COI e a NBC Universal para garantir os direitos de transmissão dos Jogos nos Estados Unidos até 2032. Para isso, a emissora pagará um total de US$ 7,7 bilhões, no maior contrato da história olímpica.
Hoje, 18 acordos comerciais garantem US$ 14 bilhões para o COI após os Jogos do Rio. Uma prova de transformação da entidade que, nos ano 70, chegou a estar perto da falência. Quando o espanhol Juan Antonio Samarach assumiu o COI em 1980, a entidade tinha só US$ 200 mil em caixa.