Variedades

Em meio à crise na música clássica, Teatro Municipal propõe redução salarial

A Secretaria Municipal de Cultura propôs aos músicos do Teatro Municipal uma redução de 30% nos salários pelos próximos dois meses, com redução da carga horária. A proposta ainda está em discussão pelos membros dos corpos estáveis do teatro – como contrapartida, foi oferecida a garantia de que não haverá demissões até o final do ano. Segundo a Prefeitura, os salários dos maestros dos grupos também sofrerão alterações.

Segundo a Prefeitura, o orçamento da fundação que gere o teatro aprovado para este ano não cobre os custos de pessoal. “A gestão anterior incluiu apenas R$ 88 milhões no orçamento para o teatro, sendo que somente a folha de pagamento alcança R$ 90 milhões, ficando claro que este número é insuficiente para todas as despesas do ano”, explica a secretaria municipal de Cultura, em nota oficial.

Músicos ouvidos pela reportagem, sob a condição de anonimato, dizem ainda estar se inteirando do quadro mais amplo – o contrato da Prefeitura com o IBGC, organização social (OS) responsável pela gestão do teatro, termina em junho. Não há definição sobre o que acontece então. Mas, de acordo com edital lançado pela Prefeitura, o modelo de gestão deve ser alterado: não se exige mais que as entidades que queiram gerir o local sejam qualificadas como organização social.

A possível redução salarial no Teatro Municipal é o novo capítulo de uma crise que, nos últimos anos, tem abatido a cena da música clássica brasileira e acabou se intensificando nos últimos meses.
Em São Paulo, após a extinção da Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, músicos da Orquestra do Teatro São Pedro foram demitidos na semana passada, decisão que esteve no epicentro de uma troca na organização social responsável pelo espaço. No Teatro Municipal do Rio, os salários atrasados levaram artistas a iniciar uma campanha para arrecadar verbas e alimentos.

E a Orquestra Sinfônica Brasileira, um dos mais antigos conjuntos sinfônicos do País, há seis meses sem atividades e sem pagar salários, contempla a possibilidade de extinção: o grupo aguardava a possibilidade de repasse de verbas pela prefeitura carioca, o que não deve ocorrer e precisa encontrar alternativas para resolver um déficit de R$ 20 milhões.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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